HOMENAGEM AOS MEUS PRIMOS
HOMENAGEM AOS MEUS PRIMOS
Autor – Flavio Alves
Duas e quarenta da manhã
Acordei e não durmo mais
Em vinte e nove de julho
Uma quarta feira fugaz
No ano de dois mil e vinte
Que não esqueço jamais.
Pela própria pandemia
Que chegou e não quer partir
Por culpa de alguns idiotas
Que insistem em querer sair
E não usar proteção
E cheios de mi, mi, mi.
Meu objetivo é outra coisa
Falar o que me compete
Deixar pandemia de lado
E chega dessas manchetes
O que quero mesmo falar
É sobre minha prima Gorete.
No ano de cinquenta e nove
Foi quando ela nasceu
No dia vinte de junho
Minha tia a concebeu
Essa prima engraçada
E abençoada por Deus.
Tia Cêça era a mãe dela
E tio Samuel era pai
Fizeram tantas crianças
Que não esqueço jamais
Na luz de um candeeiro
Em alguns tempos atrás.
Tia Cêça tinha uma devoção
Das filhas chamarem Marias
Primeiro foi Maria Gorete
E Maria Nadja aparecia
Maria José outra menina
E menino ela não paria.
Eu quero agora um menino
Tio Samuel dizia chateado
Esse negócio de só menina
Tá me deixando aperriado
Vamos pensar positivo
E botar a cama do outro lado.
No outro dia tia Cêça
Com a cobrança do marido
Mudou a posição da cama
Como foi estabelecido
E de noite no vuco, vuco
Tudo seria resolvido.
A minha tia engravidou
Na certeza de um filho
E chegando os nove meses
Nasceu uma espiga de milho
E foi Maria de Fátima
Da cor de farinha de trigo.
Minha tia era uma negra
Meu tio era um branquinho
Nasceram em Pernambuco
No Cabo de Santo Agostinho
Com filhos pardos e brancos
Concebidos com carinho.
Tio Samuel muito irritado
Porque não vinha menino
Olhava pra minha tia
Dizendo tô quase desistindo
Vamos tentar mais uma vez
E selar nosso destino.
Minha tia angustiada
Chorava varrendo o quarto
Com o marido lhe cobrando
Ela pensou imediato
Em fazer uma promessa
Para Senhora do Bom Parto.
O problema é o horário
Dizia assim tio Samuel
A gente só transa à noite
E isso é muito cruel
Vamos tentar durante o dia
Pra ver se vem Manoel.
Tio Samuel era pedreiro
E antes de ir trabalhar
Quando estava tudo claro
Foi para o quarto praticar
O exercício sexual
E um menino gerar.
A ansiedade era grande
Não tinha nada de pequena
E depois se poucas horas
A parteira entrou em cena
Dizendo pra todo mundo
Nasceu Maria Madalena.
Os meninos nasceram sim
Mas quero que compreenda
Nasceu Maria Aparecida
E também Maria Helena
São sete meninas abençoadas
Espero que você entenda.
Manoel Ricardo e Samuel
Esses sim foram os meninos
Que tio Samuel esperava
E como sempre sorrindo
Realizado seu desejo
Para o trabalho ia seguindo.
Eu um garoto palhaço
Olhando as nuvens no céu
Dizia pra minha tia
Uma frase muito cruel
Já que nasceu um menino
Bote o nome Maria Manoel.
E já que tem tantas Marias
E uma parece espiga de milho
Aproveite este momento
E não vá sair do trilho
Batizando o outro menino
De Maria Samuel Alves Filho.
Eu saia feito um louco
Pra não levar beliscão
A tia mudava de cor
Feito um camaleão
Dizia à velha Chiquinha
E eu ia pra o cinturão.
Hoje meus primos adultos
Cada um no seu lugar
Gorete, Maria José e Helena
Estão sempre a se encontrar
Vivendo na mesma cidade
E não querem se mudar.
Já os outros em Sorocaba
Faz tempo que estão morando
Cada um tem os seus filhos
E fiquem acreditando
Nada de nome de Marias
É verdade o que estou falando.
Morando lá em São Paulo
Nadja, Fátima e Madalena
Manoel e Aparecida
Resolveram seus problemas
Mas teve um que faleceu
E violência é um problema.
Não quero falar de tristeza
Porque ele está com Pai
Falo de Samuel Filho
Que não esqueço jamais
Com o apelido de Muquinha
Que tanta falta nos faz.
Aos meus primos queridos
Vai minha eterna gratidão
Minha pequena homenagem
Escrevo com emoção
Em sextilhas de cordel
Vindas do meu coração.
Um grande abraço pra você
Que está lendo meu cordel
Usei um pouco de humor
Me perdoe tio Samuel
Sei que fui exagerado
E me espere lá céu.
Um abraço para todos
Que Deus nos livre do mal
Agradecemos tua bondade
Tão sagrada e natural
Oremos sempre ao senhor
O nosso Pai Celestial.