FOGO NA CANA

Depois do jantar, um susto,

Dom Pedro teve em Pilar,

Pois um partido de cana

Começa a se incendiar,

Por trás das casas da Vila,

Beirando o quintal do povo,

Sem proteção, sem guarida,

Levando ao risco de vida,

Dom Pedro deu seu reprovo!

O dono da plantação

Se pudesse sumiria,

Era Murilo Falcão

O mesmo que recebia

Dom Pedro e sua comitiva

À Pilar naquele dia!

Certamente ficou mudo

O responsável que tudo

Da festa organizaria!

Tocaram fogo na cana

E a cana toda queimou!

As labaredas de fogo

Até Dom Pedro esquentou!

As chamas ardendo em brasa

Passou bem próximo a Casa

De Câmara e de Cadeia,

Onde Pedro Segundo estava

Hospedado, após a ceia!

Estava aquela lavoura

Plantada em lugar errado,

Que insensatez causadora

Do risco do aglomerado!

Faltou prudência, razão,

Quem plantou teve ambição,

Pensou, apenas, no lucro;

Só pensou nos réis valores,

Pondo em risco os moradores

De irem morar num sepulcro!

Dom Pedro assistiu a tudo

Do sobrado de onde estava,

Preocupado, sisudo,

Co' a cena que contemplava,

Com o fogarel que estalava

Lambendo o quintal do povo!

"Que não se plante de novo!"

Dom Pedro recomendava.

Dom Pedro teve a ideia

De um Código de Postura

Enviar para Assembleia

Delimitando a cultura

De cana junto às aldeias,

Pediu logo providência

Da Assembleia Provincial

Pra conter aquele mal

De ganância e imprudência.

Mas graças a Deus não houve

Nenhuma casa queimada,

Ao nosso bom Deus aprouve

As vidas serem guardadas,

As chamas serem apagadas

Sem mais lavouras queimadas

Poupando o pasto, a floresta...

E assim se segui a festa

Que estava já programada!

© Antonio Costta

(Trecho do cordel "VISITA DE D. PEDRO II À PILAR-PB")