Crendices

As crendices populares

São fortes nesta nação

Mas tem muita resistência

No povo do meu Sertão

Como no filho de “Zé”,

Homem de bastante fé,

Chamado Sebastião.

Sebastião, no pescoço

Tem uma cruz pendurada,

Mais uma fitinha benta

Num dos pulsos, amarrada.

Ele reza Ave Maria

Quando passa todo dia

Em frente à encruzilhada.

Quando vê um gato preto

Logo muda de calçada,

Na rua nunca passou

Por debaixo de uma escada,

A bebida preferida

É a água adormecida

Da sua jarra tampada.

Ao entrar ou ao sair

De alguma instituição

Para não dar nada errado

Exerce a superstição

De se benzer com respeito

E fincar o pé direito

Com toda a força no chão.

Dá três toques na madeira

Para espantar o azar,

Quando o espelho é quebrado

Manda logo alguém trocar

E se for para o terreiro,

Ele nunca vai ligeiro,

Espera o corpo esfriar.

Quando vê uma coruja

Fica bastante espantado,

O canto de algum Tem Tem

Deixa o Tião agitado

Nos dias de sexta feira,

Banho nem de brincadeira,

Pois é dia carregado.

José Reginaldo Medeiros

Membro da Academia Alagoana de Literatura de Cordel