Minha mãe
Mulher forte, mãe severa
Dez filhos criou
Os defendeu feito pantera
Pessoas de bem os formou
Pela vida foi golpeada
Ao uma filha enterrar
Mas seguiu sua jornada
Tinha outros a criar
De todos foi professora
As primeiras letras ensinou
Nossa intercessora
A vida nos dedicou
Lutou pra nós estudar
Sempre deu um jeito
Até pra longe mandar
Mesmo não achando direito
Seu coração materno
Se enchia de alegria
Quando ia comprar caderno
E os lápis também trazia
Nos ensinou a erguer a cabeça
Em qualquer situação
Sempre pediu não esqueça
De levar Deus no coração
Sempre muito engraçada
Malcriada e atrevida
Nos arrancava uma risada
E sorrindo encarou a vida
Sempre nos fazia chorar
Contando a mesma história
Que vou sempre carregar
Comigo na memória
Era a história de um menino
Que a mãezinha perdeu
Quando era pequenino
E pela vida sofreu
Quando a história chegava ao final
Ela nos fazia pensar
E dizia da história a moral
É que mãe a gente precisa valorizar
Nos ensinou a estender a mão
A quem venha precisar
A ajudar de coração
Sem nada esperar
Nas minhas memórias de filha
Guardo uma especial
Descobri ela era a mulher maravilha
E me defendia de todo mal
Quando num final de tarde
Um homem nossa casa invadiu
Quando gritei, fiz alarde
A mulher Maravilha surgiu
Botou o cabra pra correr
Debaixo de pedrada
Pra nunca mais aparecer
Nem perto da nossa calçada
Lembro da romaria ao Canindé
Numa viagem feliz
Onde aprendi a minha fé
Em São Francisco de Assis
Lembro sempre da canção
Que cantava desafinada
Que fazia menção
A sua mãezinha amada
Também rendia homenagem
Ao seu amado pai
Para ele a mensagem
Era a canção do velho pai
Teve certas dificuldades
Para as noras aceitar
Achava que as beldades
Seus filhinhos iam roubar
Já pelos genros caía de amores
Nem sabia como os receber
Pra ela eram benfeitores
Que as filhas iam proteger
Esperta como ela só
E afeita a carinhos
Nasceu no dia da vovó
Pra ser babada pelos netinhos
Recebeu o golpe mais cruel
Que a vida pôde lhe dar
O seu companheiro fiel
No outro plano foi morar
Pensamos que ia cair
E não mais se levantar
Pois ela deixou de sorrir
Nós a víamos definhar
Mas aquela mulher guerreira
Nunca foi de se entregar
E achou uma maneira
Pra seguir seu caminhar
E seguiu firme na vida
Ocupando seu lugar
Arengando, sorrindo, cabeça erguida
Sem seu véio Leomar
Sua grande alegria
São seus filhos e netos
Também a contagia
O carinho dos bisnetos
Pelo parkinson fragilizada
Não ousa se entregar
Bastou dar uma melhorada
Foi se aventurar
Não foi bem sucedida
Nessa sua aventura
Voltou pra casa mordida
Mas não caiu, oh véia dura!
E hoje amanheceu o dia
Celebrando o dom da vida
Agradecendo a virgem Maria
Por sua família querida