Carta-cordel nº1

Curitiba, 19 De abril de 2010.

Querida,

que estejas bem. Eu lhe escrevo, ao invés Do que seria esperado, Para contar de um passado, Que nos confirma um viés.

Ocorreu, foi nesta quarta, O dia que temi tanto. Pobre do nosso roberto, Fusca de tamanho encanto. Realmente, quem diria, Que o dia chegaria De não pegar nem no tranco...

Se disseram ou não disseram, O narrado aconteceu.

Não consigo me esquecer Do que a gente, lá, viveu. Lembro que estávamos juntos Quando a gente o escolheu. Nos bancos daquele fusca, Quantas vezes nos amamos. Roubadas e aventuras, Quantas vezes, lá, brigamos... E foi naquele estofado, Que tecemos o tratado De término, que firmamos.

Olhando agora pra trás, Fica fácil perceber Que fui eu o tal culpado Que pôs tudo a perder. Lamento toda avaria, Descuido da lataria, Que fez tudo padecer.

Eu pensei muito se era Apropriado escrevê, Acabou que achei que sim, Não fiz pra te aborrecê. Sua resposta eu não mereço. No envelope, meu endereço, Mesmo assim.

saudades,

v.