SAUDADE DE DONA EUNICE
SAUDADE DE DONA EUNICE
Autor: Flávio Alves
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01
Em mil novecentos e noventa
Conheci minha patroa
Generosa e muito simples
Simpática e muito boa
Chamada de dona Eunice
Uma excelente pessoa.
Na época eu trabalhava
No Cabo de Santo Agostinho
Numa indústria de plástico
Nas margens de um certo rio
Chamado de Pirapama
Que cruzava meu caminho.
Foi quando conheci Guilherme
Por ironia do destino
O filho de dona Eunice
Que foi seu único menino
Na praia de Gaibu
Uma amizade foi surgindo.
Num certo final de semana
Tomando minha cervejinha
Guilherme me observava
E também suas priminhas
As quais o acompanhava
Naquela bela tardinha.
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02
Através de suas primas
As quais dançavam quadrilha
Comigo na mangará
Ficaram felizes da vida
Mas tive que ir embora
Foi lindo minha partida.
Eu morava na Cohab
A creche ficava perto
O meu pai tinha um bar
Aquele era o ponto certo
Reencontrei o tal Guilherme
Na casa do amigo Neto.
Convidei pra tomar uma
No bar beleza da rosa
Guilherme se encantou
Comigo e minha prosa
E numa certa madrugada
Conheci a tal bondosa.
Dona Eunice residia
Na rua dos quatro cantos
Bem perto do Malaquias
Onde houve certo pranto
Ela tinha enviuvado
E estava triste um tanto.
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03
Perdeu o marido Guilherme
Com sete filhos ficou
Cuidando da sua sogra
Com paciência e amor
A senhora dona Francisca
Que dorme com Nosso Senhor.
Falando dos sete filhos
Luciene foi a primeira
A segunda Gilvanize
Guilherme foi o terceiro
Lucineide foi a quarta
Três nasceram em fevereiro.
A quinta foi Lucimar
Casada com senhor Bergue
Cleide em sexto lugar
E se eu mentir eu cegue
Em sétimo veio Geni
Passe a régua e encerre.
No início dona Eunice
Não ia com minha cara
Somente dona Francisca
Abria a porta e eu entrava
Pra esperar o Guilherme
E continuar nossa farra.
04
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Mas ela tinha razão
O Cabo era violento
Chamado cidade da morte
Naquele terrível tempo
Bandidos e matadores
Tinha a todo momento.
Mas Deus é onipotente
E logo a família mudou
Pra uma rua na Cohab
E logo se instalou
E nesse mesmo período
A filha Geni casou.
Cada filho se projetando
Geni construiu em cima
Uma casa acima da mãe
E teve duas meninas
Com o marido Elinaldo
E a história não termina.
Luciene primeira filha
Com sua inteligência
Vivia com senhor Vado
Mas era mera aparência
Morando em uma chácara
Se separou por coerência.
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05
Gilvanize não teve sorte
No primeiro casamento
Morava também na Cohab
Porém hoje eu lamento
Mas hoje ela é feliz
Graças a um novo tempo.
Lucimar comprou uma casa
Próxima a mãe querida
Vivendo com o marido
E também com duas filhas
Ficando em harmonia
E muito feliz da vida.
Cleide e seus três filhos
Moravam próximos também
Era casada com Toinho
Mas se separou porém
Hoje mora lá no Roca
Vive em paz e passa bem.
Lucineide mora aos fundos
Ficando em outra rua
Teve apenas um filho
E vive porém na sua
Mas disso ela tá certa
Pois a vida continua.
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06
Guilherme ficou morando
Com a mãe por opção
Trabalhava em Recife
Pegando uma condução
Bem próximo ao aeroporto
Ou Barão de Souza Leão.
Quando conheci dona Eunice
Sempre nós nos reunia
Na enseada dos corais
Uma simples casa havia
Tinha um coqueiro na frente
Sinto hoje nostalgia.
Todos os finais de semana
Era uma bela festa
O endereço era certo
Naquela praia deserta
Havia um grande respeito
Que saudade da moléstia
Construíram duas casas
Na praia de Gaibu
E época de carnaval
Que é safra de caju
Pulávamos vassourinha
Curtindo o mar azul.
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07
Mas tudo tem um começo
Tem meio e tem o fim
Tudo foi maravilhoso
Pra todos e para mim
Ficando só a lembrança
Pois a vida é assim.
De noventa a dois mil
O tempo logo correu
Então chegou dois mil e oito
E algo triste aconteceu
Pois foi neste exato ano
Que dona Eunice faleceu.
Em dezessete de Março
Daquele terrível ano
A deusa fechou os olhos
Causando um desengano
Deixando uma bela história
Pra todos que tanto a amamos.
Ela foi uma guerreira
Foi forte e resistente
Num Leito de hospital
Lutava naturalmente
Contra aquela enfermidade
Mas Deus estava presente.
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08
O Senhor estava presente
Dizendo naquela hora
Eunice chegou teu dia
Levanta e vamos embora
E foi assim que aconteceu
Ela partiu espaço a fora.
Uma coisa posso dizer
Não somos dono da vida
Claro que sinto saudades
Daquela pessoa querida
Que em vida posso dizer
Foi a minha melhor amiga.
Que Deus te ilumine
Conceda o vosso perdão
Pois ele é misericórdia
Te conceda a salvação
Te guardarei na memória
Em toda ocasião.
Agradeço a todos os filhos
Por escrever esta passagem
Na condição de poeta
Eu sei que tive coragem
De registrar este relato
E prestar minha homenagem.
FINAL