A Menina e o Rui

Vinha ali uma menina,

Sua "bike" empurrando,

Toda linda, muito "fina"!

Parada, foi perguntando:

- Me desculpe aí, Seu moço!

O Senhor aí, tem sal grosso?

É o que estou procurando.

O "moço", "muito educado",

Encerrando o expediente,

Ficou assim meio parado,

Sem encarar a cliente.

Nem salgado ou insosso,

Passou a mão no pescoço,

Sem parar o expediente.

A moça meio atônita,

Insistiu ainda assim.

Agora já mais lacônica.

- Moço traz o sal pra mim!

Se não tem, diga agora!

Que é pra eu ir logo embora,

Desse tal de Jamanxim...

E o "moço da bondade",

Sem fazer nenhum sinal,

Saiu em "velocidade",

Indo em busca do sal.

Pegou um bem amarelo.

Pelo visto, muito velho.

Cobrando vinte "real".

-Tá achando que sou louca,

Pra pagar este absurdo?!

Pegue dez, e me dê o troco,

Pois não trouxe mais miúdo.

Por este sal de terceira...

Parece até brincadeira

Ou um trote cabeludo.

Acha o Senhor, isto justo?

Ou pelo menos legal?

Diga logo quanto custa?!

Mas quero o preço real!

Pois estou cansada à beça.

E também tenho pressa.

Estou me sentido mal!.

- Olhe aqui, preste atenção!

O sal que você procura,

Nem é tão caro assim, não.

Por causa da sua frescura,

Dessa pose de dondoca,

Dos confins da "rebimboca",

O preço sai nessa altura.

- Fique sabendo a Senhora,

Que a todos meus clientes,

Que vêm aqui toda hora,

Cobro só um e cinquenta.

- Seu caso vou explicar:

Por eu ter ido buscar,

Cobrei por sua “insolência".

- Desculpe, não quis ofender!

Disse a moça, constrangida.

- Não precisa mais trazer,

Pois já estou esclarecida.

Pego este do balcão.

- Tenho o dinheiro na mão,

Já me sentindo atendida.

- Calma moça, espere um pouco!

Este, eu trouxe pra cá,

Neste instante, agora há pouco.

Devolvo pro seu lugar

E começamos do “zero”.

A Senhora entra, eu espero

E depois é só pagar.

- Só faltava essa agora,

O Senhor tá é "variando",

Pois bem “tô” indo embora

E por aí, vá ficando.

Se vergonha houver em mim...

Nunca mais eu passo aqui!

Nem com o mundo se acabando.

Está aqui o registro,

Dessa história verdadeira.

Não é mentira ou fuxico

Ou papo de lavadeira.

Não influi nem contribui...

Mas ouvi do próprio Rui,

Durante uma bebedeira.

Baseado em relatos do próprio protagonista.

Ficção realística.

2018/2020

Revisão ortográfica: Gecilda Marina