O BICHO ANDA SOLTO

O BICHO ANDA SOLTO

Miguezim de Princesa

I

Brasília teve peão

Que dormiu muito na obra,

Cresceu, se multiplicou

E tem gente até de sobra,

E agora tem maluco

Que vive escondendo cobra.

II

Encontraram no Guará,

Escondida numa caixona,

Uma cobra venenosa,

A tal da naja indiana,

Que quando pega na perna

Mata em menos de uma semana.

III

Criada por estudante,

Que se diz pesquisador,

A cobra meteu-lhe a presa,

Por baixo do cobertor,

Foi uma dor tão empestada

Que o pipoco ecoou.

IV

O jovem, que era ateu,

Caiu duro no cimento,

Quanto mais ele gritava,

O Céu ficava cinzento:

- É hoje que eu não me formo,

Valei-me, Senhor São Bento!

V

Trouxeram lá de São Paulo

Um soro do Butantã.

O moço escapou fedendo:

Quando acordou, de manhã,

Procurou, mas não achou

A bola da rolimã.

VI

Pras bandas de Planaltina,

Foi o maior sururu:

Encontraram um criadouro

De um tal Zeca Pacu

Que tinha da coral fina

E da grossa jaracuçu.

VII

Tinha cascavel de chocalho,

Umas 15 serpentes chocas,

Vinte e cinco caninanas,

Jararacas de maloca

E uma jiboia roliça

Que ele escondia na loca.

VIII

Um soldado deu um pulo,

Um agente caiu no chão,

Quando o tal Zeca Pacu

Disse: - Calma, meu irmão,

Não precisa disso tudo,

A cobra não morde, não!

IX

O cabo deu-lhe um bofete,

Que estrondou no cimento;

Foi chegando o delegado,

Com o coronel e o sargento,

Dizendo: "Buraco velho,

Pode olhar, tem cobra dento!".

X

Quando a equipe ia embora,

O rádio do camburão

Chamou pra outra ocorrência,

Firmando com precisão:

Acharam em uma casa grande,

Que o povo chama mansão,

Um macho velho alisando

As costas de um tubarão.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 10/07/2020
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