NA ORAÇÃO E MISTICIDADE
Um amanhecer de pensamentos
Voando livres pela inspiração
Roças e roçados em fragmentos
Promessas, pedidos e devoção
Religiosidade ao longo dos tempos
Bênçãos de Padre Cícero Romão
São raízes nordestinas
Presentes em cada sertão
Com orações de Vicentina
Como flores do algodão
No cantar da Sururina
E o canto do azulão
Um fogão de lenha a cozinhar
Os umbus daquele umbuzeiro
Umbuzada e doces eram o versejar
Singelos poemas condoreiros
Um trabalho podendo expressar
Momentos serenos e rotineiros
No ordenhar de cada dia
Nas aves criadas no terreiro
No ler diário de uma FOLHINHA
No compreender de cada romeiro
Nas orações que ela escrevia
Sob a luz do candeeiro
Na lavoura de milho e feijão
Na mandioca e palma forrageira
No apanhar do algodão
Na serenidade daquela doceira
Na seca de cada verão
Na misticidade da benzedeira
Nas hortaliças e plantas medicinais
Com a enxada ela cuidava
Em suas missas dominicais
Com o rádio de pilha ela rezava
Lenços na cabeça, sempre tradicionais
Sua fita do Apostolado, ela zelava
Com a Oração de São Vicente
No Apostolado Sagrado Coração
Na bondade sempre presente
No compreender de cada estação
No terço orando intensamente
A fé brotando do coração
O feixe de lenhas podia fazer
Pelos campos e cercados
Sua rotina podia reconhecer
O contínuo cuidado com o gado
A luta diária a cada alvorecer
O seu trabalho sendo abençoado
OBSERVAÇÃO:
A pintura é do artista plástico baiano Antônio Carneiro.