Teimosia Vitalícia

Vou contar-lhes uma peça

Falando do sujeito teimoso

Todo aquele que vive alerta

Não se denomina preguiçoso

Mas é um tal de vou e vou sim

Que mais parece um estopim.

Se não pode concordar

Tudo bem perca a razão

Só não fale por falar

Dizendo que é de coração

A teimosia consegue enganar

Mas é traída por compulsão.

O teimoso legítimo pula muro

Até dá nó em pingo d'água

Atravessa a noite no escuro

Com os olhos em emboscada

Fala sempre com otimismo

E tem a língua muito afiada.

De tão certo parece errado

Compra qualquer um na manha

É mesmo um burro emperrado

Irritante que provoca sanha

Contraria quem tanto implora

Pro dito cujo desistir da barganha.

Se é ele homem ou mulher

Isso realmente não importa

É como trocar garfo por colher

Batendo dez vezes na porta

Sendo o teimoso João ou Ester

Agora é a hora e o cabo entorta.

Na conversa ele é todo ouvido

Quem não conhece que acredite

A verdade é que aguça o sentido

Mas só escuta quem não insiste

Para declinar do lance proibido

Antes mesmo que o juiz apite.

O veredito é simples demais

O teimoso quer sempre fazer

Ele quase nunca dá para trás

Quando resolve se envolver

É um lobo com instinto aldaz

Cultivando a arte do saber.

Resta para quem convive aguardar

O teimoso não se considera comum

Mas é sempre importante esperar

Pelo acerto ou fracasso de cada um

Então retorna o herói num suspirar

E lembra não passará a vida em jejum.

CarlaBezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 27/06/2020
Reeditado em 27/06/2020
Código do texto: T6989184
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