A AURORA DA VIDA...
Nesta hora tão fagueira,
Do meu triste viver,
Lembro da rua e da ladeira
Da luta e do sofrer.
Se penso hoje como foi
É porque sofro outra vez
Aquele maldito sapo-boi
E uma galinha pedrês...
Sempre me infernizava,
Um gritando sem parar
A outra em mim pulava
E eu danava a chorar.
Subia no pé de taturubá,
Era gostoso de comer...
Engolia o caroço e buá...
Depois queria morrer!
Tinha que tomar até
Óleo de linhaça...
Difícil era ficar em pé
Como se tomasse cachaça!
Corria de um touro
Tropeçava numa vaca...
Topava saía o couro
Ainda entrava na taca.
Quieto nunca ficava
Era traquino demais
Ninguém me amava
Mas odiar, não, jamais.
Guardava todos no peito
Com maior satisfação
E ainda hoje no meu leito
Tenho-os no coração.
E toda a minha lembrança
A sete chaves eu guardo
Coisa mesmo de criança
Que não quebra resguardo.
Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 01.10.09