O CASAMENTO VIRTUAL

Quem pensa que o Covid

Não vai oportunizar

De fazer a brincadeiras

E do São João festejar

Engana-se, pois vai haver

Casamento e Arraiá.

O casamento matuto

Mais arretado que há

É feito pela internet

De maneira virtuá

Cada um na sua casa

E o padre à celebrá.

Vai começar o enredo

Desse tão grande evento

Onde através do diálogo

Será feito o casamento

Entre todos os envolvidos

Não vai fartá argumento.

Os noivos que aqui se casam

Com essa celebração

É Anório e Fubica

Que estão numa enrolação

Com um chamego danado

De arranjá confusão.

Anório noivo grosseiro

Se acha muito valente

Pressiona o pobre padre

Temendo uma “boca quente”

Manda um áudio pro vigário

Veja o que diz o insolente:

- Senhor padre diga logo

Deixe de me enrolá

Se vai casá eu e Fubica

Pra nóis subi no artá

Num tá vendo que a moça

Tá prestes a desimbuchá?

-Quero que o senhô entenda

Nós temo que apressá

Antes que o pai da moça

Venha aqui pra me matá

Pois tem também outra donzela

Que prenha de mim está.

O padre muito assustado

Com medo da ameaça

Diz que vai realizar

Pra não haver uma desgraça

Porém antes quer saber

De tudo que ali se passa.

- Oh meu fii eu vou fazê

Logo o seu casamento

Mas diga pra esse véio

Se num há impedimento

Pro que se caso houver

Vai gerá ressentimento.

Se você tive mixido

Com outras moças donzelas

Cuma é que vai se virá

Para dá de conta delas?

Sem conta que as famias

Vão enforcar sua guela.

Depois do áudio do padre

Anório já irritado

Vendo a hora o pai da noiva

Dizer que tá desmanchado

Seu casório com Fubica

E assim perder um bom legado.

Diz Anório: - Eu já lhe disse:

Case logo eu e Fubica

Com as outra só foi um caso

Pra eu nada significa

Comece esse casório

Ou aí mermo o sinhô fica.

O vigário é interesseiro

Não vai deixar escapar

Essa oportunidade

De uns trocados ganhar

Vai inventar uma mutreta

Para o noivo enrolar.

O esperto sacerdote

Inventa ter prometido

Que de agora em diante

Quem se encontrar em perigo

E que quiser se casar

Vai compensar o amigo.

E essa tal de recompensa

É em dinheiro ou ouro

Pra quem não tem nenhum dote

Nem guarda nenhum tesouro

Tem que dar as aliança

Ou do espinhaço o couro.

Diz o padre: então me envie

O seu par de alianças

Prumode eu abeçoar

Depois mando pra matança

Troco por carne de boi

Pra poder encher a pança.

E pode contar comigo

E as aliança não devolvo

É um tipo de recompensa

Mereço ganhar do noivo

Pois só assim eu lhe defendo

Nesse caso eu me envolvo.

Anório tu fique em casa

Fubica fique também

Daqui eu resolvo tudo

Não precisa de ninguém

Se me der as aliança

Não cobro nenhum vintém.

- E dou-lhe de garantia

A minha palavra honrada

Daqui a pouco os dois

Serão pessoas casadas

Preparem a lua de mé

Não se acanhem com nada.

Os noivos prestem atenção

Vai começar o casório

Fubica você me diga

Quer se unir com Anório

Se aceita, diga sim

Não invente repertório.

Seu padre a resposta é sim

Falo isso destemida

Pra mim não tem obstáculo

Nem também contrapartida

Que me faça dizer não

Pro homem da minha vida.

O padre dá um sorriso

Diz: - Então tá resolvido

Só farta o sim de Anório

Esse caba é bom partido

Se eu não casasse vocês

Melhor eu não ter nascido.

Com isso Anório resmunga:

Fubica eu te digo sim

Não existe tempestade

Que afaste de mim

Vamo criar nosso fio

Com todo amor e carin.

Nesse momento o padre

Da câmera desaparece

Foi atender uma chamada

Na qual de medo estremece

O pai de outra donzela

De repente aparece.

-Seu padre eu vim acertar

Minhas conta com o sinhô

Soube que vai casar

Anório cum ôta fulô

Mas esse caba safado

Minha fia engravidou.

O sinhô como vigaro

Pregador do amor em Cristo

Como se atreve a casá

Esses dois como previsto

Ganha um par de aliança

Para poder fazer isso?

Eu ofereço muito mais

Do que esse ouro fajuto

Tem mil cabeças de gado

Pra o casamento matuto

Case Anório e minha fia

Em sigilo absoluto.

O padre disse, danou-se

Eu não posso enganar

Nem Anório e nem Fubica

Pois Deus vai me castigar

A não ser que eu dê um jeito

De Anório com as duas casá.

O fazendeiro exitou

Mas depois disse: eu aceito

Se eu botá dificuldade

Não teria outro jeito

Então case as duas moças

Com Anório, isso é bem feito.

O padre voltou a tela

Depois de negociar

Pediu desculpa a Anório

Pelo casório parar

Disse o padre: Estou de volta

Vamos continuar.

Depois de ter dito sim

Os noivos já aguardavam

Curtirem a lua de mel

Era o que mais comentavam

mas que seria a três

isso eles não esperavam.

O padre disse: Anório

Pra Deus lhe abençoar

Você precisa fazer

A justiça prosperar

Não é panes com Fubica

Que você vai se casar.

Os dois então recuaram

Teve espanto e confusão

Mas chegaram a um acordo

Que era a melhor solução

e o padre abençoou

essa estranha união.

E pro evento encerrar

O padre então concluiu

Eu sei que vou pro inferno

Mas o meu lucro saiu

Do casamento a três

Coisa assim nunca se viu!