A flecha do foguete

A flecha do foguete

Miguezim de Princesa

I

Os 300 do Brasil

Partiram pra gesto extremo:

Numa roça em Planaltina,

Pertencente a Nicodemo,

Resolveram pipocar

O telhado do Supremo.

II

Sara Winter conhecia

Roberto do Foguetão

De uma vez que foi ao Guará

Numa festa de São João,

Onde bebeu com Arísio

Conhaque de Alcatrão.

III

Encomendou uma carrada

Que veio num caminhão,

Trazido por Silivestre

Da Lagoa da Perdição,

Passando no Itapoã,

Bem na Rua do Murão.

IV

Os 300 se armaram

Para a manifestação

Com bandeiras amarelas,

E, no meio da confusão,

Um gritou: - Pega Moraes,

Que ele não aguenta, não!

V

Disparou um foguetão,

Que quase o ministro breca,

O tiro passou zunindo

No ouvido de Bezeca

E só não pegou no alvo

Porque raspou na careca.

VI

Aí foi juntando a "reca":

Sara Winter discursou,

Chamou Moraes pro bofete,

Disse: "O careca afrouxou

E nunca mais vai ter paz,

Foi o Diabo quem mandou!".

VII

Dispararam uma fake news

Na direção de Gilmar,

Tofolli até raspou a barba

Para poder disfarçar,

E outro engrossou a voz

Pra ninguém desconfiar.

VIII

Alguém levou uma marreta,

Um doido pegou um pau,

Um comunista infiltrado

Começou a passar mal,

Gritando: - Vão derrubar

O Supremo Tribunal!".

IX

Sem aguentar o barulho

Dos foguetões e da vaia,

Da pressão que até valente

De pouca raça desmaia,

O presidente da Corte

Ligou pra Rodrigo Maia.

X

Então abriram um inquérito,

Rodeado de macete:

Recolheram pela praça

Meia-dúzia de porretes,

Um deles batou na mesa:

- Eu mando nesse cacete!

Um segundo aparteou,

De cima de um tamborete:

Esse povo é do extremo

Quis derrubar o Supremo

Com a flecha de um foguete!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 16/06/2020
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