VERSOS À MINHA TERRA
Seu moço eu sou de uma terra
Do chão da simplicidade
Eu sou lá do pé da serra
Aonde existe humildade
É bem verdade que é quente
Lá no Nordeste da gente
Mas quando Deus molha o chão
A terra aborta fartura
E a nossa maior cultura
É cultuar o sertão.
É um lugar bem distante
Mas lá se usa um bom dia
Que pra nós é importante
Preservar a harmonia
E lá nas nossas moradas
Se conversam nas calçadas
Nas debulhas de feijão
Que sem nenhum preconceito
Ali se usa o respeito
De um aperto de mão.
Sou de uma terra adoçada
Com doce da poesia
Cantada e poetizada
Nas noites de cantoria
Nós não temos vaidades
Mas temos muitas saudades
Das noites de São João
Dos versos de um violeiro
E do forró verdadeiro
De Luiz rei do baião.
Lá se vive do trabalho
Apesar da injustiça
Lá não existe atrapalho
Da ambição nem cobiça
Meu povo é acostumado
Viver dentro do roçado
E mesmo com a vida dura
Nossa maior confiança
É adubar com esperança
A semente da cultura.
Por isso eu jamais esqueço
Do lugar que fui criado
Se Deus achar que mereço
Voltar um dia ao passado
Quero com toda alegria
Declamar minha poesia
Sobre o chão que me reveste
Sem fazer muita mistura
Quero cantar a cultura
Do sertão do meu Nordeste.