BICHO CONSUMISTA
BICHO CONSUMISTA
Miguezim de Princesa
I
Existe um bicho que é feio,
Se careca ou cabeludo,
A boca é na vertical,
Triangular e beiçudo,
E não pode ver dinheiro
Que sai consumindo tudo.
II
Paga aluguel, condomínio,
A fatura do cartão,
A escola dos meninos,
A geladeira e o fogão
E aquele contorno básico
Que é feito no salão.
III
Ja dizia, na minha terra,
A bela Socorro Rouca
Que o bicho enlouquece os homens
E, achando a miséria pouca,
No dia em que está zangado
Bota sangue pela boca.
IV
O velho Zé Aldemir
Provou da caverna escura
E agora, em Cazajeiras,
Desbandeirou-se em loucura
E está sustentando o bicho
Com as verbas da prefeitura.
V
Alugou carro de luxo
Que custou 200 mil;
Dizem que seu olho verde
Está vermelho e febril
Do calor que o bicho passa
Pela brecha do bombril.
VI
Cuidado, senhor prefeito,
Que o bicho é meio calado,
Porém, depois que ele gruda,
Dá um trabalho amuado
E só sai deixando o homem
Nu, amarelo e quebrado!