O Poder da Palavra

Certa vez minha mãe me disse

Que a palavra tem poder

E me contou uma história

Que demorei para entender

Foi somente no dia a dia

Que então pude perceber

Ela falou de uma tribo

Índios, de alguma aldeia

Que viviam da natureza

Na benção, da lua cheia

Extraindo o necessário

Para compartilhar a ceia

Disse que nessa vila

Todo mundo é juvêncio

Na bondade da pura alma

Somente existia inocêncio

Poucas palavras eram ditas,

Reinava o som do silêncio

Quando uma árvore velha

Queriam na tribo derrubar

Para aumenta o espaço

Ter mais canto para morar

Ou transforma sua madeira

Numa canoa para pescar

Eles então davam as mãos

Em volta do tronco antigo

Como em uma batalha

Para vencer um inimigo

Cercavam nessa corrente

Decretando o seu jazigo

Então, os índios calados

Falavam palavras ruins

Para derrubar a árvore

Justificando meios pelos fins

Com a força das palavras

Que extrapolam os confins

A árvore com tudo isso

Caia no solo sagrado

Com a língua batendo forte

Como a pancada dum machado

As palavras agressoras

Tem o massacre dum atentado

Levei isso para meu dia

Observando a minha volta

Vi palavras sendo usadas

Para causar certa revolta

Outras eram como guia,

Pois serviam de escolta

Vi ação na força do verbo

Verberando na minha rua

Trazendo palavras no vento

Levando palavras para lua

Entendi que há palavras

Dessas que vem nua e crua

Entendi o som estrondoso

Quando falo um “AI DENTO”

Entendi que as palavras

São usadas em julgamento

E que também servem

Para deixar um argumento

Vi elas rimarem de um jeito

Que só quem conhece sabe

“Vi tirar de onde num tem

Para colocar onde num cabe”

Esperando que o encanto

De um poema nunca acabe

E quando elas brincam

Na boca de um trovador

Ás vezes, rimam saudades

Muitas delas rimam a dor

A aquelas que também

Gostam de falar de amor

Mas vou ser sincero

Fingindo a minha dor

Eu não gosto dessa rima

Juntando dor com amor

Prefiro mil vezes dizer

“Amor rima com humor”

E vou fazendo amizade

Com as palavras da vida

Há palavra de chegada

Há palavra de partida

Há palavra devagar

Há palavra de corrida

As palavras desse texto

Vejam bem como elas são

Vem numa certa cadência

Mantendo rima e oração

Seguindo o som puro

No embalo do coração

Ditando um compasso

No ritmo de uma dança

Num fala coisa com coisa,

Mas traz alguma esperança

No batuque de um peito

Na mente de uma criança

Há palavras que estam gastas

Não são mais pronunciadas

Envelhecendo nos livros

Em estantes empoeiradas

Tem até as que morreram,

Pois foram todas queimadas

Será que existe no mundo

Palavra sem significado

Talvez não tenha conceito

Ou foi algo escrito errado

Sem definição definida

Algo sem ser expressado

Tem as que estam presas

Nas páginas do dicionário

Esperando alguém ler

O conceito de hilário,

Pois não está presente

No seu bom vocabulário

Há palavras não escritas,

Porém estam digitadas

Feitas por sábios autores

Gastando suas madrugadas

Armazenando nas nuvens

Sendo criptografadas

Dentre palavras tem até

As que significa uma ideia

Um canto de passarinho

Sendo uma onomatopeia

E também o zumbido da abelha

Voando para sua colmeia

E, assim, compreendi

Como que o punhal crava

Basta usar erroneamente

Que o crime se agrava

É uma faca de dois gumes

O poder duma palavra

Ela liberta os corações,

Porém domina a mente

Seduz com sua beleza

De forma inconsciente

Deixa a gente enfeitiçado

Livre com uma corrente

Então, pense direito

Antes de pronunciar

Seja até escrevendo

Ou no ato de digitar

As palavras tem força

E podem machucar

Aprenda a utilizar

Palavras de paixão

Adjetivos positivos

Com uma boa definição

Faça isso no dia a dia

Como se fosse missão

Palavras são poderosas

Alfabeto é indestrutível

Letras juntas dispostas

A vencer o invencível

Voz, veloz, veluda e voraz

Recuperar de volta a paz

Ainda é um sonho possível