Corona dezenove
Corona dezenove.
Vou pegar esse corona
Vou prende-lo na botina
Amarrado em uma lona
Bem pregado na latrina
Depois vou tocar sanfona
Visitando uma cantina.
Esse vírus sem vergonha
Não respeita autoridade
Adentrou na minha fronha
Simplesmente por maldade
Tira o sono de quem sonha
Mata gente na cidade.
Esse cara cabeçudo
Pode olhar pra todo lado
É feioso e barrigudo
Anda todo estropiado
É banguela e narigudo
E só anda acompanhado.
Mata quem está obeso
Mas quem tem diabetes
Mata quem esta no peso
Com o ciência compete
Ninguém sabe se está preso
Passa fácil pelas vestes.
Cientistas fazem testes
Pastores pegam a cura
Caminhões perdem o frete
Velho vê a estrada escura
O sábio nada promete
Onagro diz que é frescura.
Logo vem um milagreiro
Pra fazer o seu milagre
Junta sebo de carneiro
Misturado com vinagre
Depois exige dinheiro
Deixa o pobre endividado.
Dessa guerra eu participo
Vendo a hora que atrasa
Minha arma é em principio
A vassoura que tem asa
E se porventura gripo
Vou pra cama e fecho a casa.
Vou comprar uma garrucha
E também um canivete
Vou por o vírus na ducha
E colar com um chiclete
Depois que esfregar com bucha
Dou um pau nesse pivete.
Vou pegar o meu canhão
De calibre cento e trinta
Vou por queijo e requeijão
E vou disfarçar com tinta
Assim vou dar refeição
Fome nunca está extinta.
Vou levar no meu bornal
Um anel de casamento
Para dar pro pessoal
Que não tem um só momento
Para ouvir um instrumental
Ouve só dor e lamento.
Sofre muito porque sabe
Que perdeu sua família
Do barraco que não cabe
Nem sequer uma mobília
Seu destino nem Deus sabe
O corona o auxilia.
Sabe que a morte é certa
Nada mais há por fazer
Vai deixar a porta aberta
Para quando ele morrer
O vizinho então acerta
Pra com Deus ele viver.
Se ele sobreviver
Do corona dezenove
Sempre ouve alguém dizer
Se é verdade então prove
Vive assim a padecer
Como o verso dessa estrofe.