ROBERTO E A ÁGUA UNGIDA DE R.R. SOARES

(Poema em homenagem a R.R. Soares que está vendendo água ungida para os crentes se curarem do coronavírus)

(Autor: Leon Cardoso)

Fique em casa, seja esperto.

Não acredite eu tudo que ouve.

Nem tudo o que dizem é certo.

Duvide antes de crer,

Não faça igual o Roberto.

O quê o Roberto Fez?

Vou dizer pra vocês.

Roberto achou que o mundo

Estava se acabando.

Pois viu uma mensagem

Em um grupo que entrou por engano.

Acreditou nela e daquele dia em diante

Sua vida foi só desengano.

Agora vejam vocês,

Vou dizer de uma vez.

Uma parte falava assim:

“O milagre está aqui na mão.

Comprem a água ungida

Tem pra todos de montão.

Ela tira todo o mal,

A água mata até o cão.

Tira fedor se sovaco,

Levanta morto do caixão.

Faz anão virar gigante,

Faz gigante virar anão.

Cura mal hálito e coceira

Feiura de canhão,

Traz beleza para o corpo,

Mais saúde para o são,

Não precisa comer mais nada,

Mata mais a fome do que o pão.

Mas o melhor dela

Vou dizer, prestem atenção.

Ela mata o coronavírus

Não é falsidade “não”.

Tomando somente um gole,

Dessa água da minha mão,

Não só você fica curado,

A todos ela dá unção.

Vai curar também sua família,

Pai, mãe, irmã e irmão”.

Olha, o que o Roberto fez...

Com todo o pesar que tenho

Vou dizer pra vocês.

Roberto ficou sorrindo

Seria a chance da sua vida.

Uma água milagrosa,

Que pelo pastor foi ungida

Vai curá-lo do sovaco,

De sua feiura sofrida.

De seu hálito malicioso,

Da coceira mais ardida.

Foi então nessa empreitada...

Vendeu cama, cachorro e gato.

As galinhas do poleiro,

Da cozinha até o prato.

Correu para a igreja,

Entrou no primeiro ato.

Toda a água que tinha no altar

Foi logo jogada num saco.

Chegando em casa bebeu o que pôde

E o que não pôde também.

Quase morreu de tanta água,

Mas agora passa bem.

Depois disso ele diz

Que é o mais bonito da rua.

Nem precisa tomar banho,

Nem mais escovar dente.

Se quer ficar cheiroso,

Vai na água lentamente

Bebe um gole, cheira um pouco,

Bebe fria, bebe quente.

No mesmo instante que bebe

Se transforma novamente.

Mas nem namorada, nem chamego,

Nem sovaco, nem coceira.

Porque a intenção daquilo tudo

Era promover a carreira,

O pastor ganhar dinheiro

Do crente na sua cegueira.

Aqui vou finalizar,

Voltando para o início.

Não creia em tudo que ouve.

Não faça da cegueira um vício.

Duvide antes de tudo

Ou se interne num hospício.

Leon Cardoso
Enviado por Leon Cardoso em 30/05/2020
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