CASINHA DE PALHA
[Para o meu grande amigo Manoel Jaime
um dos primeiros a ter geladeira e televisão
em Agricolândia/PI e nós íamos comprar
gelo e assistir a tv em preto e branco...]
Ruazinha de chão batido,
Uma grota passa no meio...
Tem um pé de Maria mole,
Um de periquiteiro e feio...
Longe, um pé de taturubá!
Um gambá dos mais fedido,
Num canto um velho fole!
E gostosos bolinhos de fubá!
Vi a velha cerca de pau...
Um passarinho na gaiola,
Um fogão à lenha apagado!
Panela de ferro no jirau...
Um papagaio caduco e boiola!
Peixe no óleo, já afogado...
Linda velhinha desdentada!
Numa rede já toda rasgada.
Pela ruazinha veio um boi,
Entrando na casinha de palha!
Ê, boi, boi véi, boi, vai pra lá...
Gritava o vaqueiro, e o boi, nada!
Boi chifrudo, valente, lá se foi...
Peitou a velhinha o canalha!
Morte ruim, castigo... Sorte má!
Foi assim... Carne de boi e panelada!
Na casinha de palha, chão batido,
Acende o fogão à lenha, chaleira...
Rede num canto, radiola tocando!
Raimundo soldado, Waldik Soriano!
Zé de Joana, Zé Vaniz, Bota sentido!
Língua gorda... Maria faladeira...
O dia todo lá no terreiro tricotando!
E eu já longe, de viagem, em Floriano!
Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 10.04.2012
21:50 [Noite]
Estilo: Oitava