O CORDÉ DE DOMRUAN

Uví daqui tua istóra

E é feiquiníu, agaranto

Inté hoje Rosalina

Se alembra e inda cai no pranto

Eu é que me apuzentei

Mó de trová no Recanto...

Fui nascido nas Ispanha

Meu pai: Tirso de Molina

E digo que de piqueno

Já mindoidava as menina

Me apelidaro Tenório

Se apaixoná? Minha sina...

Cunhincí uma “Ciganinha”

Do zóios lindos brilhante

Mas me chamou de Carcamo

O pai, um tá de Cervante

Ela é que inda hoje ráia

Lembrando os amô distante...

“O elixir da longa vida”

Mamãe me deu de criança

Falô má de mim Balzac

Mas fez a maió lambança

Me chamô de esbanjadô

Eu im Ferrara e ele im França...

Um inguilêis Lord Byron

Tomém quis me adefamá

Ciúme de Donna Júlia

Roeu pra quase endoidá

Fez uns versin lá pra ieu

Mas morreu sem terminá...

Uns me chamaro Giovanni

Mas disso raiva num trago

Mozart me fez uma ópra

Diz ele que eu era um mago

Condenô ieu o Amadeus

Mas me sarvô Saramago...

Falou nim mim Moliére

Mas só pra fazê Comédia

Com Dumas e Baudelaire

Fui nos inferno, tragédia

Ciúme e pissiguição

Já derna da idade média...

(Encontrei Calbertosantos dia desses de manhã, bradando aos quatro cantos: eu “Conheci Dom Juan”. O espríto baixô neu que quage fiquei tantã.)

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Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 08/05/2020
Reeditado em 08/05/2020
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