A Casa de um Poeta
Almejando poesia
Fiquei a me perguntar,
Comecei a escrever,
Entre linhas registrar,
Onde é que um poeta
Poderia habitar?
Como pode alguém falar
Numa linguagem bem discreta,
E revelar com arte e jeito
A morada de um poeta?
Se no campo ou na cidade,
Recitar é sua meta...
Se alguém ainda não sabe,
Então, procure conhecer,
Pois, a casa de um poeta
Tem um banco para escrever,
Tem o mistério do luar
Após o sol adormecer.
Quem conhece sabe bem
Ser poeta é morar
Onde a brisa predomina
Arejando o lugar,
Sonhos são redescobertos
Numa rede a balançar.
A casa de um poeta
É toda feita de papel,
Os tijolos são poemas,
O cimento feito mel,
Chega a ser tão divertida,
Parecendo um bom Cordel.
É uma residência nobre
Coberta de inspiração,
Rodeada de um alpendre,
Acompanhado de um salão
Para o poeta desfilar
Ritmando sua canção.
Pode haver simplicidade
Nessa rústica chopana,
Apelidada de tapera,
Até mesmo de cabana,
Não importa o que dizem,
O importante é ser bacana.
Na casa de um poeta
Um instante virá verso,
A maldade é convertida
Num sentimento inverso,
E o verso é elevado
Ao sublime universo.
Na casa de um poeta
O cenário é diferente,
As palavras emocionam,
Mexem o coração da gente,
Quem pensava em desistir
Vai querer seguir em frente.
A casa de um poeta
Merece mais atenção,
Merece ser enxergada
Com os olhos do coração,
Pois, é dessa fonte amiga
Que as palavras dão emoção.
Na casa de um poeta
Os pilares são esperança,
Sustentando o alpendre.
Recheado de lembrança,
O descanso é garantido
Numa rede que balança.
A casa de um poeta
Parece meio ralé,
Possui o brilho vistoso
Dos olhos do caboré.
Tem a forma da cabaça,
Um toque cheio da graça
Igualmente um cafuné.