A TERRA EM QUE MOREI

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI

(Eduardo Mendonça).

.Homenagem ao meu querido Luis Sirivino Alves-(Lula de Liolino e à todos os filhos distantes da sua terra natal.

OUVINDO UM AMIGO MEU CANTAR UMA CANÇÃO

NO ALPENDRE DA SUA CASA NA BAHIA

EU SENTI UMA GRANDE NOSTALGIA

LEMBRANDO DA MINHA TERRA E DO MEU SERTÃO.

MINHA MÃE, MINHA GENTE E MEUS IRMÃOS

CONFESSO QUE DE SAUDADE EU CHOREI,

E AQUI DISTANTE DA TERRA QUE DEIXEI

A MINHA VIDA E MEU PASSADO ALI VIVIDO

AGORA CANTO BASTANTE COMOVIDO

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

QUANDO UM DIA VOLTEI AO MEU SERTAO

MEU RECANTO ONDE FUI CRIADO

AVISTEI UM RANCHO VELHO ESBURACADO

QUE SO ME TROUXE RECORDACAO

RECORDEI A MINHA PROFISSÃO

UM NOME ANTIGO NUMA PORTEIRA AVISTEI

VI UM RASTRO ANTIGO QUE DEIXEI

LEMBREI DO MEU PAI NA DURA LIDA

RECORDEI MINHA INFANCIA QUERIDA

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

VI A ESTRELA D´ALVA NO FIRMAMENTO

AO LADO VI UM CELEIRO DE PALHA

ONDE PAI GUARDAVA A SUA CANGALHA

NO OUTRO LADO UM CASEBRE DE INCHIMENTO

COBERTO COM FOLHAS DE QUIABENTO

VI UM PILAO VELHO E RECORDEI

QUE JUNTO COM MAE EU PISEI

MUITA CANJICA PRAS FESTAS DE SÃO JOAO

COM OS OLHOS MOLHADOS DE EMOÇAO

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

VI O PEDAÇO DE UMA VELHA PORTEIRA

O CABO VELHO DE UM FACAO

VI A CORDINHA DO MEU PIAO,

OS RESQUICIOS DE UMA VELHA ESTEIRA

A VELHA ESTRADA BOIADEIRA

VI A FOTO DA MULHER QUE AMEI

E MEU PRANTO NÃO SEGUREI

RECORDANDO UM BELO PASSADO

FIQUEI TREMULO E ALI PARADO

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

FUI REVER O VELHO POLEIRO

TROPECEI EM BOLINHAS DE GUDE

VI PEDAÇOS DA JUVENTUDE

EMBAIXO DO VELHO UMBUZEIRO

VI PEDAÇOS DO VELHO CHIQUEIRO

LAÇOS DE CORDAS POR ALI ENCONTREI

LEMBREI DOS BOIS QUE AMANSEI

E DO MEU PAI NO SERTAO A CAMPEAR

CHOREI MUITO AO REGRESSAR

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI..

OUVINDO CANTOS DE PARDAIS

PARECENDO UMA DESPEDIDA

VI PEDAÇOS DA MINHA VIDA

PELOS TERREIROS E CURRAIS

PISANDO EM ANTIGOS SINAIS

DE SAUDADE EU ATÉ CHOREI

LEMBREI DE UM IRMAO QUE TANTO AMEI

QUE FOI EMBORA POR UMA FATALIDADE

MEU COMPANHEIRO DA MOCIDADE

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

ALI EM SILENCIO, SOZINHO RECORDAVA

MEUS PAIS DEBULHANDO FEIJAO

NO BATENTE DO VELHO CASARAO

LEMBREI DA ESCOLA ONDE EU ESTUDAVA

AS MODAS QUE SAZINHO CANTAVA

COISAS SIMPLES QUE NÃO ESQUECEREI

A IGREJINHA QUE TANTO EU FREQUENTEI

O VELHO JUAZEIRO COM SEU TRONCO TORTO

SE SAUDADE MATASSE EU TAVA MORTO

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

LEMBREI DA AGUA DA CHUVA NA BIQUEIRA

DO VELHO COURO DE BOI E DA FIVELA

DE PEDAÇOS DE BOLO NUMA GAMELA,

MINHA MAE SOPRANDO CAFÉ NA PENEIRA

LEMBREI DA VELHA DINA PARTEIRA

SAUDOSO, NA PORTA DO RANCHO ME AGARREI

COM OS OLHOS MOLHADOS NO BATENTE ME SENTEI

ENTRISTECIDO, VENDO TANTA MUDANÇA

CHORANDO FEITO UMA CRIANÇA

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

NA VELHA CASA ONDE EU VIVIA

ME LEMBREI DOS IRMAOS E DOS MEUS PAIS

DOS TEMPOS QUE NÃO VOLTAM MAIS

DOS MOMENTOS DE PAZ E DE ALEGRIA

DAQUELE RECANTO DE AMOR E HARMONIA

DOS VELHOS AMIGOS TAMBEM ME LEMBREI

DE TUDO AQUILO QUE UM DIA EU DEIXEI

RECORDEI TODA A MINHA GENTE

QUERIA REVER MEU POVO NOVAMENTE

NA TERRA QUERIDA QUE EU MOREI.

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 04/05/2020
Código do texto: T6936855
Classificação de conteúdo: seguro