O cordel da menina má

Este 'Cordel Cantado' - O cordel da menina má - foi retirado do livro do autor: PRIMEIRA ANTOLOGIA [ Literatura de Cordel, fábula, poesia e trova ] e foi publicado e divulgado pela Globo, pelo Portal G1 - veja o link da matéria abaixo:

https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/o-que-fazer-em-santos/noticia/2019/03/28/escritor-santista-lanca-livro-com-coletanea-de-obras-premiadas.ghtml

O cordel da menina má:

Menina má foi cristã,

que nasceu naquele dia.

Criou-se com formosura,

não tinha sabedoria.

Mas caiu numa desgraça,

que bolou naquele dia.

Nasceu de nove meses,

bateu no bucho da mãe.

Quando o pai passou a mão:

- Deus do céu não estranhe!

Cuidado com essa peste,

antes que ela lhe arranhe.

No dia em que nasceu,

ja era de madrugada.

A lua, passou por longe,

e o pai ja na estrada:

Mas o galo não cantou...

Menina amaldiçoada.

Assim, cresceu a menina,

com pompas e bem gorducha.

As pernas largas e compridas,

a boca maior que a bunda.

Sua língua nos mostrou,

seu jeito de vagabunda.

Menina pirou seu pai,

não lhe teve lealdade.

Morava naquela casa,

sem amor, sem piedade.

Mas um dia lhe pegou,

difamou pela cidade.

Difamou pela cidade...

- Difamou pela cidade!

O Mar estava bem calmo,

vinha um cara lá na rua.

- Disse: - Deixa eu passar?

- Falou: A vida é tua!

Menina, disse pro pai...

- Você hoje está na rua.

O pai já percebendo,

tentou não ser afogado.

- Menina, seu pai sofrendo,

não liga nenhum bocado?

- Falou e disse ao seu pai:

- Quero te ver condenado!

Menina má e namorado,

fizeram de tudo, e um bocado.

Parecia indiferente,

ter arruinado.

A vida daquela gente,

pai e mãe são pré-julgados.

O pai da menina má,

comprou comida a tardinha.

Deixou a menina em casa,

quando voltava, ela vinha.

Pois a mãe chorava muito:

- Olha que filha daninha?

O pai da menina má,

com medo saiu de perto.

Falou pra menina em casa:

- O que se faz não é certo!

Menina chamou à todos:

- Agora, invejou um sequestro!

Inventou um sequestro!

O pai já preocupado,

de casa saiu correndo.

Família desesperada,

todos ali sofrendo.

Menina falou assim:

- Prove do meu veneno!

Menina falou de novo,

das suas fantasias.

Muto amedrontada,

na face, heresia.

Mas o pai falou assim:

- Que mente doentia?

Disse a menina má:

- Não amo o meu pai!

- Ochente, você não sabe?

Onde cê for ele vai.

Menina assim, falou:

- Agora, a casa cai.

A casa cai...

A casa cai!

O quê? ...

J O Rocha
Enviado por J O Rocha em 25/04/2020
Reeditado em 03/05/2020
Código do texto: T6928321
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