O Pé de Jacarandá
Naná e o Pé de Jacarandá
Autor: Tião Simpatia
I
Em Mato Grosso do Sul
Quando estivemos por lá,
A minha mulher ganhou
Um pé de jacarandá.
E disse: - que pau bonito!
Vou levar pro Ceará.
II
Fiquei um tanto sem graça,
Entendi como indireta...
Será que não tô cumprindo
Minha obrigação completa...?
Pensei: isso é fantasia
Da cabeça de poeta!
III
Plantou no jardim de casa
Essa pequenina muda,
Mas a planta cresceu tanto
Que foi um “deus nos acuda”
Com dois anos e seis meses
Estava grossa e galhuda.
IV
E bem ao lado nasceu
Um lindo pé de chanana,
Cuja flor é comestível
E eu achei muito bacana
Dizem, é afrodisíaca,
Comi flor mais d’uma semana.
V
Após completar seu ciclo
A Chanana pereceu
O pé de Jacarandá
Rapidamente cresceu
Com pouco tempo depois
Tava mais alto que eu.
VI
Arrebentou o jardim
Rachou a calçada inteira;
Ficou passando das telhas,
Mas alto que a cumeeira!
Minha mulher todo dia
Suspirava e dizia:
-que pedaço de madeira!
VII
Isso é “Madeira de Lei”
É mais forte que jucá,
Aroeira ou pau d’arco,
Meu belo jacarandá
Q’eu trouxe de Campo Grande,
Que orgulho você me dá!
VII
Eu disse: meu bem, tá certo,
Seu pau tá grande e copado;
Cresceu tanto que o tronco
Está ficando envergado;
Eu só acho que ele foi
Plantado no canto errado!
VIII
Um local mais adequado
Precisamos encontrar.
Ah, eu acho que já sei
Qual é o melhor lugar!
Na Lagoa do Colosso
Lá sim, ele vai frondar.
IX
No canteiro da avenida
Que contorna a lagoa,
Lá é o lugar perfeito,
Pois a terra é muito boa!
Pra fazer essa mudança
Já contratei uma pessoa.
X
Ela disse: - negativo!
Você é um homem mau!
Vá cuidar da sua vida,
Seu cara de bacurau!
Quem cuida do pau sou eu...
Ninguém mexe com meu pau!
XI
E eu disse, tudo bem,
Meu amor, o pau é seu!
Foi só uma sugestão,
Mas você não entendeu.
Então, cuide do seu pau
Que eu vou cuidar... Da vida!