no casarão que eu morava, hoje mora a solidão
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Fui rever a velha casa
Que no passado eu vivia
Encontrei na mora dia
O velho fogão de brasa
Uma chaleira sem asa
Desprezada no fogão
Chapéu, perneira e gibão.
As tralhas que pai usava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Desfrutei da mocidade
Ao lado dos velhos pais
Fomos felizes demais
Hoje só resta a saudade
Foram pra eternidade
Partindo o meu coração
Não aguentei a pressão
Viver lá não suportava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Dei um giro dentro dela
Encontrei em um dos quartos
Um velho par de sapatos
No batente da janela
Vi num prego uma fivela
Segurando um cinturão
Não contive a emoção
Sentir no peito uma trava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Sair do quarto chorando
E fui desaguar na sala
Perdi totalmente a fala
Fui falar mais soluçando
Na sala vi me esperando
Deitado em cima do chão
A mão velha do pilão
Que milho seco pisava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Eu sair desconsolado
Com o coração partido
Na varanda fui ferido
Quando vi lá encostado
O braço de um arado
Que pai tinha estimação
Tambor pra guardar feijão
Das safras que pai tirava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Defronte a porta da frente
Eu fiquei mais comovido
Lembrei mamãe de vestido
Acenando para a gente
Chamando muito contente
Pra fazer a refeição
Só depois da oração
A gente se alimentava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Ultrapassei a porteira
Sem querer olhei pra traz
Avistei lá por detrás
Na sombra da catingueira
O chiqueiro de madeira
Que mãe botava Capão
Vi na sombra do oitão
O saco de catar fava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Vi jogado no terreiro
A boca do velho pote
O cabo de um serrote
Um chocalho e um fueiro
Dali eu sair ligeiro
E sair sem direção
Procurando solução
Para ver se eu encontrava
No casarão que eu morava
Hoje mora a solidão
Diosmam Avelino- 18- 04-2020