CORDEL DA PANDEMIA
Quem foi inventar
Essa tal de Pandemia
Não posso mais passear
Fazer a fé na Loteria
Tomar minha cerveja
Sem que alguém me veja
Chegue perto e cheio de dedo
Diga pra eu tomar cuidado
Pergunte se não tenho medo
De ser pelo vírus infectado
Estou meio cansado
De me mandarem pra dentro
Mas fico mesmo arisco
Se falam preu tomar cuidado
Pertenço ao grupo de risco
Que estamos no epicentro
Se eu lavo as mãos direito
Digo que lavo do meu jeito
E se me falam em gel
Mando-a para o Beleléu
A situação está ruim,
Sempre dá pra piorar
Alguém aponta para mim
Alerta que há um vírus no ar
Repete timtim por timtim
Que pra idoso é um perigo
Tento me acalmar
Mas não consigo
E daí que sou idoso
As “muié” me acham gostoso
Subi nas tamancas
Quem pôs cadeado no portão?
Disparei uns palavrão
Olhem aqui suas mula manca
Respeitem minha cabeça branca
Em casa ninguém me tranca
E querem saber mais
Me deixem em paz
Domingo vou ao bingo
No boteco do Gringo
Televisão parei de assistir
É vírus pra cá, vírus pra lá
Não aguento mais ouvir
Que morreu mais de quinhentos
É pra ficar em isolamento
Só falam de quarentena
Todo mundo dentro das casa
Quero mais bater as asas
Ganhar na mega-sena
Ver meu time jogar
Estou farto desse assunto
Nossa gente temerosa
Não é pra andar junto
Nem espirrar se pode mais
Atitude perigosa
Fazer reuniões sociais
Não possar dar um abraço
Ainda organizo um panelaço
Todos gritando com energia:
“Vá pro inferno, Pandemia!”