COM O CORDEL NO PESCOÇO
Mas, prá que se preocupar?
Logo mais a gente volta a invadir
Os mercados, as lojas, o bazar
Na sede incontrolável de consumir.
Disputando com unhas e dentes
O estacionamento, até a vaga do deficiente
Com a desculpa que é “rapidinho”
Ou, que houve um imprevisto
Que não havia visto
A prioridade do velhinho.
Calma, pega leve
Prá que ficar empurrando?
Tudo se ajeita. É breve.
Olha como tudo novamente vai se congestionando...
Não te disse...? Também estava com saudades
De expressar nossa pseudo-bondade
Nas mais simples ações.
Já pensou se não julgassem cultural
A “boa índole” que já anda meio mal
Deixaria como fato, as piores impressões.
E, o velho e inseparável egoísmo disfarçado
Que dá as “caras” com ares de precaução
Sempre quando nos sentimos ameaçados
Tanto nesta quanto qualquer outra situação?
Todo atropelo para o mesmo sentido aponta:
A despensa tá cheia! Mas é uma afronta
Às pessoas em geral.
Ninguém está sozinho nessa
E, não há nada que impeça
A prática da ética e da moral.
Todavia, isso contraria o nosso “jeitinho”
Defendem até os futuristas e sonhadores
Que o legado é a mudança de caminho
Após este torvelinho de ameaças e horrores.
No meu “canto” aponto prá mesmice
Andamos tropeçando nas idiotices
Nas incoerências, na insensatez.
E, mudar isso só o tempo, quiçá a dor
Que vem apontar novamente os efeitos do desamor
Ao longo do tempo, mais uma vez.
Torço prá que esta pausa
Contrarie meu sarcasmo, minha ironia
Que é o tempero prá uma outra causa:
Refletir enquanto construo poesia
Aqui do meu jeito
Desajeitado, todo imperfeito
Não alheio, tampouco pessimista
De olhar esta experiência como desafio
Onde a vida pode estar por um “fio”
Neste mundo tão materialista.