(SE) TOCA (NO) RAUL

Bem previu Raul

Em seu sonho de sonhador

Que abaixo deste céu azul

Tudo pararia em nome do Amor.

E, o que ninguém imaginava

É que a canção anunciava

O efeito desta vida tão veloz

Um esgotamento súbito e irreal

De toda relação anormal

Em busca dos sonhos, de todos nós.

Então, os homens em convenção

Diante de tamanha ameaça

Decidiram isolamento como solução

Cerrando repartições, comércio, ruas, praças.

Inevitáveis, seguiram-se os atritos

Mas, muito embora os conflitos

Foram se harmonizando as convivências.

Tudo ficou tão claro e se fez presente

Quando as “máscaras” caíram literalmente

Mostrando a face da intolerância e da impaciência.

Logo o consenso virou intriga

Na defesa da cor de cada bandeira

Uns, rigidez contra a força inimiga

Outros, a manutenção da rotina costumeira

E, as sombras do medo visitou o povo

Que andava prestes a festejar de novo

A retomada da esperança

Mas, as contingências anunciando o retrocesso

Impuseram forçoso recesso

Alterando o ritmo da dança.

Se antes a ansiedade e a correria

Eram registros do estilo de vida que se aprendeu

Como conciliar, agora, os movimentos do dia

Com as manobras de um Amor de que ninguém se valeu?

E, este, em sua expressão mais cruenta e ordinária

Se espalha como agonia temporária

Crente que assim educa a alma errante.

Outra oportunidade, como tantas, já vista

Que abala, estremece, paralisa, dá pistas

De como viver bem nesta vida itinerante.

As palavras do “maluco beleza”

Metafora ares de profecia

Mas, de uma mesma natureza:

A convivência em harmonia.

Que o jogo da vida roubou sua graça

De caçador viramos caça

De um inimigo-invisível-professor

Como na poesia, que tudo seja sonho, devaneio

Nada mais que um visionário buscando um meio

De entender as várias faces do Amor.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 04/04/2020
Código do texto: T6906642
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