(SE) TOCA (NO) RAUL
Bem previu Raul
Em seu sonho de sonhador
Que abaixo deste céu azul
Tudo pararia em nome do Amor.
E, o que ninguém imaginava
É que a canção anunciava
O efeito desta vida tão veloz
Um esgotamento súbito e irreal
De toda relação anormal
Em busca dos sonhos, de todos nós.
Então, os homens em convenção
Diante de tamanha ameaça
Decidiram isolamento como solução
Cerrando repartições, comércio, ruas, praças.
Inevitáveis, seguiram-se os atritos
Mas, muito embora os conflitos
Foram se harmonizando as convivências.
Tudo ficou tão claro e se fez presente
Quando as “máscaras” caíram literalmente
Mostrando a face da intolerância e da impaciência.
Logo o consenso virou intriga
Na defesa da cor de cada bandeira
Uns, rigidez contra a força inimiga
Outros, a manutenção da rotina costumeira
E, as sombras do medo visitou o povo
Que andava prestes a festejar de novo
A retomada da esperança
Mas, as contingências anunciando o retrocesso
Impuseram forçoso recesso
Alterando o ritmo da dança.
Se antes a ansiedade e a correria
Eram registros do estilo de vida que se aprendeu
Como conciliar, agora, os movimentos do dia
Com as manobras de um Amor de que ninguém se valeu?
E, este, em sua expressão mais cruenta e ordinária
Se espalha como agonia temporária
Crente que assim educa a alma errante.
Outra oportunidade, como tantas, já vista
Que abala, estremece, paralisa, dá pistas
De como viver bem nesta vida itinerante.
As palavras do “maluco beleza”
Metafora ares de profecia
Mas, de uma mesma natureza:
A convivência em harmonia.
Que o jogo da vida roubou sua graça
De caçador viramos caça
De um inimigo-invisível-professor
Como na poesia, que tudo seja sonho, devaneio
Nada mais que um visionário buscando um meio
De entender as várias faces do Amor.