QUERO VER SE ESSE CORONA É VALENTE/ QUANDO FOR METER-SE A BESTA NO SERTÃO
Quem nasceu no sertão como eu nasci/
Tomou banho no rio que eu tomei/
Caçou bicho no mato que eu cacei/
Comeu carne de preá como eu comi/
Bebeu água na cacimba que eu bebi/
Fez raposa de farofa com a mão/
Comeu muita rapadura no feijão/
Nessa vida nunca soube o que é doente/
QUERO VER SE ESSE CORONA É VALENTE/
QUANDO FOR METER-SE A BESTA NO SERTÃO/
Quero ver como ele vai sobreviver/
Vou sorrir assistindo a agonia/
Quando o sol olhar pra ele ao meio dia/
E a coroa do bicho derreter/
Sem ter água em nenhum canto pra beber/
Pensa logo em fazer uma mutação/
Vai sentir que essa não é a solução/
Que o matuto não tem gota que enfrente/
QUERO VER SE ESSE CORONA É VALENTE/
QUANDO FOR METER-SE A BESTA NO SERTÃO
Tô mandando esse recado antecipado/
Pra esse bicho que enfrentou o mundo inteiro/
É melhor você mudar o seu roteiro/
Mas se quer vir pro sertão tá avisado/
Se pisar nosso torrão vai ser pisado/
O mais frouxo daqui foi Lampião/
Véi aqui pega novilha com a mão/
Avisando pra você ficar ciente/
QUERO VER SE ESSE CORONA É VALENTE/
QUANDO FOR METER-SE A BESTA NO SERTÃO
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Eu não sei porque essa peste de Corona/
É diferente doutras gripes que já vi/
Eu já tive bem trezentas e não morri/
Mas um dia essa história vem à tona/
Vejo o povo sentado na poltrona/
Todo mundo só quer ver televisão/
Ninguém usa um pouquinho da razão/
Perguntar por que essa gripe é diferente?/
QUERO VER SE ESSE CORONA É VALENTE/
QUANDO FOR METER-SE A BESTA NO SERTÃO
Eu já tive sarampo, catapora/
Coqueluche, febre tifo e até papeira/
Eu não sei porquê só ouço essa besteira/
Só se fala nessa coisa a toda hora/
Quando um vem falar de vírus vou embora/
Eu prefiro não fazer mais confusão/
Falta assunto pra esse povo na nação/
Ou é o povo da nação que tá doente?/
QUERO VER SE ESSE CORONA É VALENTE/
QUANDO FOR METER-SE A BESTA NO SERTÃO