quem nasceu pra não ter nada só pode ser que nem eu
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Mote: Autor Desconhecido
Glosa: Diosmam Avelino
É grande minha labuta
Trabalho desde menino
Tá traçado o meu destino
Vivo só na minha luta
Minha sina é astuta
E ninguém tem pena deu
Vejo que o trajeto meu
É penar na minha estrada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Comprei um carro fiado
Quando findei de pagar
Inventou de se quebrar
Deu um desgosto danado
Eu fiquei aperreado
Com o que se assucedeu
Estourou mais um pneu
A porta ficou travada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Procurei uma melhora
Botei logo uma bodega
Minha sorte foi tão cega
Tô sofrendo até agora
Cada dia mais piora
Meu viver palideceu
O fiado me venceu
Eu entrei noutra cilada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Eu já fiz até promessa
Pedi a Frei Damião
Não me disse nada não
Tô aqui sofrendo a Bessa
Quem me dera sair dessa
Desse mal que me rendeu
Que bate sem pena neu
Dá de jeito e de lapada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Arrumei um namorico
Com uma menina bela
Fui falar com o pai dela
Seu Vicente Frederico
Fizeram logo um fuxico
Veja o que aconteceu
O velho se aborreceu
E me deu uma butada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Eu nunca tomei birita
Mas dessa vez eu tomei
Aos poucos me embriaguei
Na venda de Espedita
Mas que vida maledita
Maltratando o filho seu
Minha luz escureceu
Há tempos tá apagada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Depois da chuva cair
Eu fiquei mais animado
Preparei o meu roçado
Pensando em progredir
Vi tudo se diluir
A lavoura não cresceu
A lagarta foi comeu
A roça ficou pelada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
Nada da sorte chegar
Minha tristeza é forte
vivo beirando a morte
Tentando me escapar
Nada poderá mudar
O meu brilho já morreu
Minha sorte endureceu
E ficou petrificada
Quem nasceu pra não ter nada
Só pode ser que nem eu
17-04-2018