A morte fiz uma visita.

Peguei minha sacola

E sai no mundo a procurar

Os causos de assombração

E tudo que vim a escutar

E me deparei com uma senhora

Fumando e fazendo hora

Que cheguei a me assustar

Era uma senhora bem vestida

Que numa fazenda encontrei,

Sentada olhando o tempo

E eu logo lhe perguntei:

-O que fazes aí minha cumade?

Pois no fruto da mocidade

Com sua beleza me encantei.

A mulher continuou séria

Mas ao erguer seu olhar

Me encarou de um jeito

Que as pernas veio a faltar

Procurei um firmamento

E ali tão desatento

A moça começou falar.

- Eu não sou quem você pensa,

E minha beleza não é real.

Não estou pra fazer o bem,

Mas também não faço o mal.

Eu sou a que chamam de má sorte

Muito prazer sou a morte

Que você estava a procurar.

E a mulher se levantou,

Vindo pra perto de mim,

Comecei a chamar por Deus

Pensando ser o meu fim.

E ela me chamou

Disse sente-se por favor

E começou falar assim:

Já rodei todo esse mundo,

E aqui vim descansar

Nesse lugar abandonado

Você veio me encontrar.

Vindo tirar meu sossego,

E agora está com medo

De sua vida eu tirar?

Pare com essa oração,

E venha aqui comigo

Por acaso não vê

Que aqui não tem perigo.

Venha já me conhecer,

Sem medo vai entender

Que posso ser seu amigo.

E eu ali me perguntando

Será que bebi pinga demais?

Antes vi uma mulher,

E agora não vejo mais.

Só vejo um ser de preto

Sem qualidade ou defeito

Me deixando incapaz.

Incapaz e sem reação

É como me sinto agora,

Já pedi força a Deus

Clamei por Nossa Senhora

Que nessa hora bendita

Sem saber a morte fiz visita

E não consigo ir embora.

Segurando em minha mão,

Senti seus ossos gelados

Nessa hora percebi

A verdade do meu lado,

Era mesmo a dona morte

Um ser tão frio e forte

Que me contou grande relato.

Sei que queres desvendar

Os casos de assombração

Aqui te dou a honra

De saber tudo então.

Te contarei os relatos

Que aqui tenho guardado

Como versos de inspiração.

Estava só ouvindo

Tudo que a morte dizia

Ela falou dos sujeitos

Que levou naquele dia.

E de tudo que já passou

E também vivenciou

Os que se foram na agonia.

Contou que pessoas são frias

E não sabem valorizar

E depois que a morte leva

Sofrem e choram sem parar

Vão logo no cemitério

Levam flores ficam sérios

Com a consciência a pesar.

Contou de filhos e pais

Que em vida não se dão bem

Só ligam para o dinheiro

E é isso que lhes convém.

Mas quando um vai embora

O outro sozinho chora

Fingindo sentir também.

Então perguntei a morte

O que ela acha do mundo?

Ela parou por um tempo

Deu um suspiro profundo

E disse meu caro filho,

O mundo é um abrigo

Que me deixa tão confuso.

Olhe, repare bem....

O mundo tem de tudo

E de tudo o mundo tem.

Já vi falso se dizendo

Ser de fato verdadeiro

Já vi ladrão fugir e rodar

Esse mundo inteiro.

O que posso dizer do mundo

Se aqui vivo de passagem?

Entrego a cada um

A chave da realidade.

Assim fazendo entender

Que o mundo é pra viver

Antes de qualquer saudade.

Não nego que já senti,

A dor de ver perder

Tantos pais e tantos filhos

Sofrendo sem merecer.

Mas essa é a lei da vida

A minha sina é sofrida

Com esse triste dever.

Com os olhos em lágrimas,

E o coração ali quebrado

Dei um aperto de mão

E sai pelo outro lado.

Ali fui me despedindo

E a morte ficou sorrindo

Com seu cigarro apagado.

Posso dizer pra você,

Que ouviu essa história

A morte não é do mal

É um ser que cumpre as horas

E digo que esse caso,

É um caso bem verídico

Aconteceu de verdade

Completando esse conflito

Pois com a morte eu conversei,

Um café também tomei.

E aqui relato o acontecido.

Josiane cordelista
Enviado por Josiane cordelista em 03/04/2020
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