AS FAÇANHAS DE JOSUÉ E SEU BODE MILAGREIRO (HISTÓRIA INFANTIL)
Autor: Gerardo Carvalho Frota(Pardal)
Existia numa cidade,
De nome Taguacitinga,
Um bicho chifrudo e feio
De barba e muita catinga
Que cada espirro que dá
É uma chuva que respinga.
Seu dono perambulava
Com ele de feira em feira
Dizendo pra todo mundo
Que ele tem veia milagreira.
E assim ganhava uns trocados
Com a sua maluqueira.
Alguns diziam: é bobeira
Sem entenderem como pode
Um bicho existir na terra
De barba chifre e bigode
Fedorento e milagreiro
E que não passa de um bode.
O dono do bode um dia
Subiu no banco da praça
E falou pra todo mundo
Mostrando o bode de raça,
“Hoje ele faz um milagre
E desta vez é de graça!”
Neste momento um menino
Que tem a perna aleijada
Grita dizendo: “eu duvido
Este bode não é de nada”
O bode corre atrás dele
E a perna fica curada...
Josué dono do bode
Do menino quis saber
Por que aleijou esta perna?
Me diga pra eu entender.
“Mamãe falou não ouvi
Saí correndo e caí
Pois não quis obedecer”.
O bode então dá um espirro
Como quem está repreendendo
Mas ali dá uma chance
Como quem diz: recomendo
Nada de ruim vai haver
Basta à mãe ir obedecendo.
O bode um dia foi chamado
A uma escola não sei o nome,
Pois lá, não se sabe como,
Tudo nas classes se some.
O bode não quis saber,
Estava morto de fome!
E depois de encher a pança
O bode ficou esperto
A diretora chamou
O bicho mais para perto
E foi mostrando os sumiços
Com tudo o que é armário aberto.
Uma professora disse:
“Não sei mais o que fazer”
Josué falou então
Calma vamos resolver
E se virou pra o bode
“E agora o que vai fazer?”
O bode deu um “bé-ré-ré...”
E se danou a fungar
Por debaixo das carteiras
Começou a procurar.
Muito do que havia sumido
Voltou logo pro lugar.
O bicho é que nem cachorro
Pois sabe até farejar
Foi o que observou
A diretora escolar
É um bode milagreiro
Não dá mais pra duvidar.
Os alunos são chamados
Para ouvirem uma lição
De que tudo o que é mal feito
Nunca vale a pena não.
Pois tirar o que é dos outros
Não merece aprovação!
Nunca se deve fazer
Alguma coisa escondida
Cedo ou tarde se descobre
Mesmo estando reprimidas
Não mexa no que é alheio
Essa é a melhor saída.
Outro problema na escola
Que se precisa ligeiro
Resolver porque é sério
É o caso de um formigueiro.
Ninguém ainda deu jeito
Só se for um milagreiro.
Esse tal de formigueiro
Já existe há tantos anos
E para acabar com ele
Já foram feitos mil planos
Na hora de pôr em prática
Tudo dá em desenganos.
Josué mandou o bode
Ali mesmo defecar
E as bolinhas do cocô
Ele mandou colocar
Encima do formigueiro
Para as formigas matar.
E todo mundo na escola
Logo logo obedecia
Foi colocado o cocô
E nada então acontecia
Quanto mais cocô botava
Mais formiga aparecia.
.
Diz Josué: “espera aí,
Eu não lhes dei a receita.
Eu ainda não lhes disse
Como é que a coisa é feita.
Abra a boca da formiga
Pois com o cocô na barriga
Da morte ninguém suspeita”.
Muitas vezes não é fácil
A solução de um problema
E o trabalho é coletivo
Sempre é o melhor esquema
Um jeitinho que se dá
Pode piorar o dilema.
O bode assim foi andando
Pelas ruas da cidade
Fazendo suas façanhas
Com uma total liberdade.
Pra fazer os seus milagres
Em qualquer oportunidade.
O que o bode andou fazendo
Não foi nada excepcional
Pois tudo sempre é possível
Quando se é racional.
Mas também se faz milagres
Quando usa o emocional.
Em todos os casos vistos
Os tais “milagres” do bode
Em que ele deu um jeitinho
Nos ensinam que se pode
Dar sempre uma solução
Quando a gente se sacode
FIM
Fortaleza, JAN./2017
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