O SENTIR DE UMA LEMBRANÇA



Entre os campos e campinas
Numa paisagem esbranquiçada
Estrofes em viagens paulatinas
Com versos de serras e estradas
Recordando fascinantes colinas
Marcadas por intensas jornadas
 
Nos sertões da fraternidade
Com muita fé e devoção
Tratando as enfermidades
Recitando rezas e orações
Com o olhar de sinceridade
E plantas medicinais em suas mãos
 
A humilde sertaneja doceira
Tinha sabedoria na arte de curar
A força da arruda ou aroeira
Ou a vassourinha até murchar
A sensibilidade da benzedeira
Um dom que não se pode cobrar
 
A sincera beata vaqueira
Laçando o bezerro no curral
E no corte da palma forrageira
A seca mostrava seu sinal
Tirando a mamona da carrapateira
Apreciando o canto do cardeal
 
Respeitando o Sagrado Coração
Do Apostolado ela era zeladora
Com a caneta em suas mãos
As letras eram sua motivadora
No escrever de uma educação
Numa escola que foi propulsora
 
Integrante do Apostolado da Oração
Djanira, nome grego da mitologia
Idosa de grande ternura e compaixão
Muitos doces e refeições ela fazia
O catolicismo marcou sua missão
Do seu trabalho era sobrevivia
 
Eram como as flores do algodão
Colhidas no pulsar da esperança
Que no alvorecer de uma razão
Protegiam o viver de uma criança
Numa história marcada pela oração
No intenso sentir de uma lembrança
 
 
 



OBSERVAÇÃO:
A pintura é do artista plástico baiano de Bom Jesus da Lapa “Léo Costa”.

Marcos Antônio Lenes de Araújo
Enviado por Marcos Antônio Lenes de Araújo em 28/03/2020
Reeditado em 03/03/2024
Código do texto: T6899846
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