PARAÍSO DOS DEMÔNIOS

Formato: ABCBDB

Paraíso dos demônios

Selva de concreto e aço

Onde ódio é abundante

E o amor é bem escasso

Enquanto poucos vivem

muitos estão no lasso.

Dos Australopithecus

Herdamos seus instintos

Que iluminados dominam

Mas escravizam famintos

Estes a esmo pelo mundo

perdidos em labirintos.

Com os chakras entupidos

Estes não sentem conexão

Com a imensidade da vida

Onde se consegue a unção

Assim não vão além do eu

Enclausurados na escuridão.

Pressão da vida os fragiliza

Deixa-os sedentos de poder

Não tem ciência da elevação

Pois só age para sobreviver

São títeres do grande irmão

Ou bonecos ao invés de ser.

Na babilônia bem onde

A roda dos desejos gira

O nirvana está no centro

ideais do ego são a mira

Que faz do ser um pêndulo

Que na dualidade oscila.

Autossalvação acima de tudo

Auto doação em último lugar

Movido por um ego bem sutil

Sementes não vão germinar

Isso explica o concreto e aço

Que nesta selva somente há.

Quando o espírito tá longe

de uma alma bem impura

isso gera grande tragédia

decorrente da má conduta

Comete crimes e injustiças

Com revolta e força bruta.

Assaltante mata por celular

Insanos assumem a tutela

polícia extermina inocentes

crianças apanham de fivela

o povo negro sofre racismo

os pobres vivem na mazela.

O mundo está se dividindo

gerando grande desarmonia

Opções de prazer aumenta

Mas isso é como antinomia

Pois a depressão só cresce

Enquanto morre a alegria.

Escola pública virou lixo

Particular só mira capital

Almejam-se só o cifrão

Rejeita o lado espiritual

O fútil tornou cobiçado

O profundo virou banal.

Os políticos se divertem

Lá no congresso nacional

Enquanto o povo só sofre

Por não haver um hospital

Governantes estão no céu

E a população no infernal.

Também falsos profetas

Induzem os desesperados

A comprarem a “salvação”

Para ficarem imaculados

tornando-lhes prisioneiros

onde medos são instalados.

O conhecimento é poder

É verdade esta afirmação

Mas muitos se corrompem

quando obtém esta benção

manipulando os alienados

a lhe darem o seu cifrão.

A miséria passeia nas ruas

Em seres sujos e chupados

O âmago se torna a vítima

Dos anseios dos segregados

Que os assola sem trégua

movendo-os desacordados.

A competitividade é estimulada

deflagrando grande desunião

quem não vence é descartado

quem vence ganha elevação

não na sua consciência

mas no âmbito d’alienação.

Os impostos só aumentam

A duração do trabalho cresce

o tempo do lazer se encurta

e nem adianta pedir prece

este paraíso é dos demônios

que chicoteia a base do alicerce.

A briga por sobrevivência

Reduz o ser ao irracional

Sobreviver a todo custo

Lhe torna muito desleal

Com desafeto nos atos

O inferno fica infernal.

A incomunicabilidade se alastra

Proporcional ao isolamento

Vícios inúteis leva os seres

A cegarem pru entendimento

Com isso sofrem a mutação

De ser orgânico pra cimento.

As minorias são atacadas

Pelos arcaicos revoltados

Os maus são esquecidos

Mas ficam seus legados

Atrocidades se propagam

Em função dos sepultados.

Muitos líderes religiosos

Aderiram ao capitalismo

Doutrinários hipócritas

tem um único idealismo

extrair a seiva das almas

usando seus mecanismos.

Budas são quase invisíveis

Neste mundo de perdição

Pra cada milhão de mortos

Só um alcança iluminação

A razão desse fato é óbvia:

Poucos aguenta a pressão.

O sistema planta “sementes”

Galhos de aço se acomprida

Vira algemas que aprisiona

Quem fecha olhos pra vida

Entram na cafua de Platão

Onde verdades é restringida.

Os demônios só festejam

Cortam asas dos arcanjos

Bolsomínios são pop star

Mais que Augusto dos Anjos

A Sapiência é desprezada

Mas não os vis marmanjos.

O Escapismo torna a saída

Pra se livrar do sofrimento

Não por processo de cura

Mas pelo entorpecimento

Que por vez não soluciona

Só mascara o padecimento.

No paraíso dos demônios

É inferno pra população

Dos males eles se protegem

Enquanto ataca a multidão

Com tridentes fere o povo

Por meio da manipulação.

Manipulam o dinheiro público

Comentem atos de corrupção

Desvia verbas dos hospitais

E também da nossa educação

Além da extrair da segurança

Aumentando a criminalização.

Alguns submissos se inspiram

Nos atos desses vermes abjeto

Por meio do jeitinho brasileiro

Tentam encurtar o seu trajeto

Encarando situações sem ética

E fazendo do outro um objeto.

A insensatez do ser humano

Causa extinção nas florestas

Amazônia está com câncer

Devido ambições funestas

Destruir fonte do oxigênio

nos leva pra eterna “sesta”.

A diversificação se reduz

Da nossa fauna e flora

O homem as assassina

Nossa mãe-gaia chora

Ele mata pru seu bem

Mas a natureza só piora.

Thomas Malthus predizei

o que começa acontecer

recursos bem limitados

onde povo só faz crescer

ou Thanos logo aparece

ou o mundo irá se foder.

Aqui é inferno de Dante

Desgraça pode ser divina

Se da prisão não se livrar

Morrer sem viver é a sina

O Inferno será residência

Enquanto a alma lhe for inquilina.

Santo André, 23 de Março de 2020

Helenilson Martins
Enviado por Helenilson Martins em 23/03/2020
Reeditado em 25/09/2020
Código do texto: T6894750
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