QUEM SOU EU?
Formato: ABCBDB
Eu não sei quem eu sou
Sou ignorante e não gênio
Opinião nenhuma tenho
Sobre assuntos do milênio
Escrever pra mim e viver
É como respirar oxigênio.
Eu não sou homem nem mulher
Tento ser minha consciência
Pois ela é infinita e cósmica
Que transcende a existência
Com ela vivo em cada átomo
Sem ela existo na inexistência.
Eu sou um jovem solitário
A solidão é minha oficina
Nela entro dentro de mim
E encontro o que me fascina
Sentimentos são ferramentas
Que constrói a minha sina.
Eu não busco ser racional
Prefiro mais minha intuição
Pois é ela que me traz luz
Me distancia da escuridão
Minha mente me aprisiona
Intuir me leva a libertação.
Gosto de ouvir músicas
Mas prefiro o silêncio
Foi ele que me mostrou
O poder renascimento
Nele vou à eternidade
Me livrando do desalento.
Eu não tento ser homem bom
Mas um ser humano consciente
Agindo conforme valores
E conforme o que sente
Das energias e vibrações
Emanadas de cada mente.
A minha vida é um esforço
Pra viver no meu espírito
Ele é meu eu superior
Que me faz se sentir vivo
Basta apenas eu acessá-lo
Pra me tornar sensitivo.
Sou do interior da paraíba
Minhas raízes são aéreas
Onde vou elas vão juntas
Pois esta árvore é etérea
Meus ramos fixam-se no todo
Transcendendo a matéria.
Eu não sou libertador de almas
Mas um buscador do libertar
Faço da arte a maior arma
Pra as agruras eu suportar
Tento viver cada momento
Apesar das vezes desabar.
Se outrora eu escondia dores
Hoje não êxito em expurgar
Pois este ato me fortifica
Me preparando pru que virá
aprendi que ser verdadeiro é bom
apesar do preço a se pagar.
Os meus amigos é minha família
O cosmo é meu irmão de alma
Ambas conexões são profundas
Que me inspiram na caminhada
Com ambos eu sou tudo
E sem ambos não sou nada.
Faço da viagem uma jornada
Em direção ao desconhecido
Graças a um músico de SA
Hoje eu não sou um perdido
Pois foi ele que me ensinou
Que só amor vence conflito.
Aprendi que fugir é covardia
E que lutar na vida é heroísmo
Por tempo o medo me convenceu
Que a saída estava no egoísmo
Mas ao me dissolver no cosmo
Fiz do se doar meu idealismo.
Aprendi a valorizar minha vida
Após tantos tormentos passar
Pois a maturidade só me veio
Depois que decidi confrontar
Os demônios e meus traumas
E a paz veio me visitar.
Tento viver em meditação
Sem definir o que me rodeia
Às vezes outrora e porvir vem
E tudo envolta se desclareia
Aí tento amenizar o escuro
Como o brilho da lua cheia.
Busco sempre corresponder
Não a padrões da sociedade
Mas a minha pura essência
Que me liga a humanidade
Por meios de atos concretos
Colorindo a imensidade.
A ênfase das minhas atitudes
Pertence a natureza mística
Sinto o que tem que ser feito
Para atingir escala holística
Beneficiando a humanidade
Sem da trela pra erística.
Outrora segui pensadores
Hoje não curto essa brisa
Eles amam as boas ideias
Disso meu ser não precisa
Busco parir ações corretas
E não frutos de pesquisa.
Sigo no plano espiritual
Os simples e os inocente
Pois estes dominam a arte
De viver por inteiramente
cada momento e instante
Seja triste ou alegremente.
Como uma bela melopeia
Busco emanar vibrações
Por meio da arte poética
Afim de afagar corações
Estes tristes e deprimidos
Vítimas das desilusões.
Evito o mal da perfeição
Conservo meu lado ser
Este feito de imperfeição
Fundamental pru viver
defeitos e primor alinham
a balança do meu ser.
Não tenho um só interesse
Em pessoa endinheirada
isto não é sequer critério
Pra inspirar a caminhada
Mas um iluminado sim
Esse reluz minha jornada.
Prezo pela sensibilidade
Por ela está no intangível
Com ela me conecto a tudo
E isso torna bem aprazível
A relação com cada momento
Tornando-o bem incrível.
Quando a mente me controla
Minha vida fica distorcida
Pois ela gera tempestades
E meu centro desequilibra
Com isso me concatenando
A versão plástica da vida.
Sei onde eu quero chegar
Isso já está bem definido
Apesar de tudo estou aberto
Pra explorar o desconhecido
Nele habita as possibilidades
Onde o novo é permitido.
Por isso não tenho planos
Pra evitar me decepcionar
Com as surpresas do porvir
Onde o inesperado estar
Só quero viver o agora
Sem temer o que virá.
Eu não sei que eu sou
Pouco sei sobre mim
Eu me auto desconheço
É infinito o meu jardim
Há muito a ser explorado
Neste mundo ínterim.
Belchior me ensinou mais
Do que os grandes escritores
“Viver é melhor que sonhar”
Nessa frase achei as flores
Escondidas dentro de mim
Onde antes só havia dores.
O apego trouxe sofrimento
O desapego trouxe confusão
Encontrei no meio o segredo
Pra caminhar em comunhão
Com tudo que forma a vida
Sentindo por ela gratidão.
Sou grato pelo que passei
Tanto ruim quanto bom
Compreendi meus carmas
E pude sentir o frisson
Quando me abri para a vida
Achando nela meu dom.
Não me defino como feliz
Nem como ser angustiado
Definição nenhuma tenho
Só tento ser equilibrado
Na corda bamba da vida
Onde o tropeço é fatálico.
A síntese da minha vida
É chamada de incerteza
Eu prezo pelo saber
Mas também pela clareza
Que tira o limo do incerto
Me mostrando sua riqueza.
A espontaneidade me mostrou
O poder de cada vivência
Sendo espontâneo vou indo
Vivendo cada experiência
O empirismo me inspira
A galgar com consciência.
Assim galgo minha existência
Conectando-me indizivelmente
A tudo que me circunda
Seja físico ou imaterialmente
Caminho junto com os extremos
Que me completam integralmente.
Sou um moço bem simples
Sem a grandeza dos querubins
Também não sou magnífico
Como os fantásticos serafins
Pelo meu nome tenho honra
Eu sou Helenilson Martins.
Santo André, 9 de março de 2020