Então Era o Bispo
Havia uma cidade chamada Jericó
Nem de longe era a cidade bíblica
Esta ficava perto de uma serra
Tinha um nome engraçado, Serra do Cipó
Ali, vivia dois destemidos homens
Eram conhecidos por sua valentia sem dó...
Um pouco mais adiante, da cidade de Jericó
Precisamente no lugar conhecido, Vila Sem Nó
Morava também outro destemido homem
Mas esse não era valente e a ninguém fazia mal
Era amigo, boa gente, cara legal, homem sem igual
Todos o admiravam, seu nome, seu Genival.
A cidade se preparava, para uma grande festa
Tinha o Padre Zé Maria, e tinha a Dona Maria
O Padre cuidava da eucaristia, como sempre fazia
Dona Maria cuidava dos bolos de milhos, e do mugunzá.
Três dias de festa, homenagem ao padroeiro
O Padre já abençoava, os que chegava primeiro
Lá no terreiro, a multidão já se preparava para ver
A foguetada que homenageava o santo guerreiro.
Foi uma grande confusão, ninguém esperava
Todo mundo corria, procurando se esconder
Quando a poeira baixou, só o Padre, se podia ver
No meio dos três homens, sem saber o que fazer.
Valente de Jericó, fumava pelo nariz
Olhava para o outro valente da vila Cipó,
Com uma raiva que nunca vir aos arredor,
Imagine como não foi, pro homem da vila Sem Nó.
Parecia coisa do destino, dos três homens se encontrar,
O Padre fazia de tudo, pra briga não começar,
Rezar não era opção, a multidão, já começou a se afastar,
Os ânimos já alvoroçados, agora escondido o Padre está.
O Valente de Jericó, ameaçou o da Serra Cipó,
Cinco palavras vou te falar, antes de eu te atirar,
Aqui uma bala para matar, na arma vou colocar,
É uma chance que te dou, pelo santo que vim homenagear.
Uma bala nada pode fazer, se não tiver homem para atirar,
Quatro palavras também eu vou te falar,
Vai embora desse lugar, não te permito nem homenagear,
Nem uma festa vai começar, enquanto tu respirar.
O Padre escondido observava tudo que acontecia,
Os dois homens que suas armas apontava,
Mais não era com os valentes, que o Padre se preocupava,
Era o homem bom, amigo da gente, que nem uma arma portava.
Quando os dois valentes partiram pra se enfrentar,
Um grito se ouviu, que até os dois fez parar,
Nem o Padre, nem a multidão acreditou,
Foi o homem bom, que os dois valentão desafiou.
Isso foi o que ele falou, nem as armas o preocupou,
Parecem duas meninas, brigando por uma boneca,
Um fala cinco palavras, outro responde quatro,
E eu aqui pensando, qual de vocês dois, primeiro é que eu bato.
O valente de Jericó dessa vez se enfureceu,
Sai da frente, disse pro valente da Serra Cipó,
Vou mostra pra esse home, como João morreu.
O valente da Vila Cipó logo respondeu,
Nem um passo pra traz ele deu,
Fica quieto ai, pra chegar nele, tem que passar por eu,
Não me interessa como João morreu,
Vou mostrar que outro valente, ainda não nasceu.
Isso já durava pra mais de hora
O Padre, de longe ouvia toda história
Aproximou-se do homem que era valente
E lhe fez um pedido em nome do santo daquela gente
Enquanto o Padre ao valente pedia,
Ouvia a multidão que de longe dizia,
Padre homem de Deus, volta pra cá.
Deixa esses homens entre eles se acabar.
Os dois valentes frente a frente decidiam,
No grito e no berro, quem no homem bom batia,
Estavam tão ferozmente concentrado,
Para ver quem seria o felizardo,
Que diante daquele povoado,
O amigo da gente por um deles seria arrastado.
Foi ai que no meio de toda aquela confusão,
Raiou a luz de uma esperança,
O homem bom que mal não fazia
Tirou da cintura um livro, e lia o que dizia:
Amai vos uns aos outros, Como Jesus fazia,
Danou-se, disse o Padre, olhando para a multidão,
Para espanto de todos, era o Bispo daquela prelazia.
Nem o Padre nem a multidão de nada sabia,
Era uma grande encenação montada para aquele dia,
Passado o espanto, Todos e dona Maria,
correram juntos para dentro da igreja,
Começaram a grande festa todos com alegria,
Ao som das violas, sem presença do bispo... O seria?