Espero não lembrar
O boi passou brilhante
E o sol se fez presente
Como quem diz sorridente
Eu olhei pra minha estante
E vi quem não se garante
Se recusa a pensar
Vive para delatar
Ah, mas era repetir
Não era pra te ferir
Mas talvez pra magoar
O cavalo foi de pé
A noite vem solitária
Na posição da contrária
Eu senti o seu rapé
Mas não me disse qual é
Se permite maltratar
Vindo logo esfaquear
Sem nem querer se ouvir
Proibido permitir
O que não pode escutar.
A rede vaga no rio
E o vento vai levando
O cheiro da sorte soprando
Em papel o seu navio
Mas era só assobio
Que o céu veio relembrar
Não tinha o que mais contar
Nem para vos entender
Apenas para esquecer
Eu espero não lembrar.