O Rezinga Poeta
1.º Ato — A descoberta.
Filho pobre nordestino, vagueava peregrino, em busca d’água e graveto.
Tinha amor no coração, mas reclamava a situação fazendo versos de soneto.
Um dia quente e poeirento, esbravejava verso ao vento, no chute que deu no toco.
Um cangaceiro que escutava, olhava o outro e perguntava: é um poeta ou é um louco?
“Toco ardiloso, de mau interno, vou te levar logo ao inferno do fogo bruto do meu fogão.
Não terei dó nem piedade, vou pagar duro tua maldade, que faz ao homem de pé no chão. ”
Enquanto em dor ele trovava, o cangaceiro aproximava, para mais ouvir da melodia.
Ao encontrar o poeta louco, dois sertanejos num mesmo toco, um reclamava e o outro sorria.
O cangaceiro deu uma festa, gente de casa coisa modesta, e convidou o tal menino.
Ele aprumou belo cordel, contando o caso da cascavel, que era criada por Zé Rufino.
O povo ficou contente, juntando dança e repente, ao descobrir o novo artista.
Já deram ele um apelido, por causa do toco enxerido, como Rezinga Poetista.