CATADOR
Logo cedo vai à luta
Com o seu amigo: o cão,
E dos descartes desfruta,
Faz disso seu ganha-pão.
Tudo serve, dá-se um jeito,
Porque o que ele traz no peito
É um enorme coração.
O seu nome é um apelido
Que ganhou nessa empreitada,
Para todos tem ouvido
E também boa risada,
Amizade sempre ajuda,
Não é bobo, não se iluda...
Dele não escapa nada!
Cata coisas pelas ruas...
Sobras que ninguém mais quer,
Não usa de falcatruas,
Aceita se alguém lhe der
O que acham que é lixo,
Porque sempre existe um nicho
E faz disso o seu mister.
O seu labor é constante
E talvez nem imagine,
Que o seu pouco é bastante
E que é bela vitrine,
Do tal reaproveitamento
Que lhe dá tanto contento...
Ora! Deus que o ilumine!
É latinha, é azulejo,
É brinquedo, é papelão,
Parafuso, percevejo,
É panela e caldeirão...
Junta tudo e muito mais,
Nem tem tempo para os ais...
Vende tudo sem senão!
Uma tarefa simplória,
Mas que faz a diferença,
No planeta ela é notória
Pelo tanto que compensa:
Minimiza a poluição,
Emprega mais de um milhão
E o viver ganha mais crença.
Luiz Moraes - fev/20.