TREZE COM DOZE

Pra começo de história

Se não conhece o cordel

Não sabe da sua glória

No chão, embaixo do céu

Quem desconhece a cultura

Da nossa literatura

Merece uns pontapés

É treze com doze, é onze com dez

É nove com oito, é sete com seis

É cinco com quatro, mais um,

Mais dois e mais três

Vale menos que geléia

Rebôco de casa véia

O cantador de vocês.

Quando versejo a platéia

Grita: bravo! Dá xilique

Presta atenção na ideia

Cordel da roça é xique

Mas tem uns aí pregando

Que a arte tá se acabando

Se embolando a revestrés

É treze com doze, é onze com dez

É nove com oito, é sete com seis

É cinco com quatro, mais um,

Mais dois e mais três

Canta grosso canta fino

Parecendo um jiló rino

O cantador de vocês.

Nosso cordel nordestino

Já ganhou todo o Brasil

Já virou bordão e hino

É matéria estudantil

E ainda tem ser humano

Que prefere o americano

Em vez dos nossos cordéis

É treze com doze, é onze com dez

É nove com oito, é sete com seis

É cinco com quatro, mais um,

Mais dois e mais três

Vai levar côro de mato

Até vomitar o fato

O cantador de vocês.

Eu sou cordelista nato

Nas rimas sou atrevido

Posso mudar o formato

De um oitavão rebatido

Nem tente glosar meu mote

Vai apanhar de chicote

Como apanha os infiéis

É treze com doze, é onze com dez

É nove com oito, é sete com seis

É cinco com quatro, mais um,

Mais dois e mais três

Nem o melhor professor

Vai fazer ser como eu sou

O cantador de vocês.

Bata palmas, por favor

Pro cantador cordelista

Que compõe com tanto amor

No cordão, livro e revista

Como pode um brasileiro

Dar valor no estrangeiro

Desinvertendo os papéis

É treze com doze, é onze com dez

É nove com oito, é sete com seis

É cinco com quatro, mais um,

Mais dois e mais três

Na outra encarnação

Arranje outra profissão

O cantador de vocês.

Seja cantando a quadrão

Ou galope a beira mar

No improviso ou invenção

Embolando eu sei cantar

Um martelo agalopado

Ou um quadrão perguntado

Em sextilhas ou oito pés

É treze com doze, é onze com dez

É nove com oito, é sete com seis

É cinco com quatro, mais um,

Mais dois e mais três

Igual mosca varejeira

Só sabe fazer zoeira

O cantador de vocês.

Mesmo que de brincadeira

De farra e de gozação

A cultura brasileira

É rica, sem distinção

Não importa a referência

Qual for tua preferência

Não se curve, bata os pés

É treze com doze, é onze com dez

É nove com oito, é sete com seis

É cinco com quatro, mais um,

Mais dois e mais três

Pode ser pop ou rockeiro

Só não deixe ser funkeiro

O cantador de vocês.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 03/02/2020
Código do texto: T6857449
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