EDUCADOS POR TABLET OU CELULAR

Fui dos tempos das tertúlias

aos domingos ir à praia

Jogar futebol na areia

Sem música da Lacraia

Época que as meninas

Desfilavam de minissaia

Ou com tomara- que- caia.

Com amigos pessoais.

Nada de internet

Ou amigos virtuais.

Quando homens e mulheres

Formavam belos casais

Como os nossos ancestrais.

Pais educavam os filhos

Sem tablet ou celular.

E não havia empecilho,

Se o filho cometia erros,

Tapa botava nos trilhos.

Palmatória tinha brilho.

Sem conselho tutelar,

Quando a cara de bandidos

A TV podia mostrar.

Os Dias eram bem melhores

Sem justiça a atrapalhar.

Sem ter merenda escolar

Alunos iam à escola

Preocupado em estudar

Ou pra brincarem de bola

Na hora do intervalo.

Orelhas não tinham argolas.

Não se proibia pistola

Não se batia no professor,

A maior autoridade,

E também nosso mentor.

Naquele tempo não tinha

Por aqui tanto doutor.

Povo era respeitador.

Não se era antissocial

Aos onze anos de idade

Porque em cada Natal

Não ganhava celular

Como se fosse normal.

Com esse gesto bem banal

Nós nos passamos por surdo

Ainda com fones nos ouvidos

Pra não vermos o chafurdo

E o errado que fizerem

Não achamos tão absurdo

Até falamos em curdp

Pra não haver desavença

Tudo que o filho quer

Concordamos, tem avença.

Para não se ter trabalho

A tudo damos licença

Se o filho tem uma doença

Uber leva pro hospital

Se precisa de comida

Pedir Ifood é normal.

Pra não educar o filho

Bota na escola integral.

Dar bronca não é normal.

Com simples clique na tela

A criança resolve tudo

E o pai se livra dela

Sem ter aborrecimento.

A mãe como cinderela

Domingo vai pra capela

Com o marido e as crias

Mostrar toda devoção

Também a hipocrisia

Para fieis vão dar a hóstia

Na hora da eucaristia.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, FEVEREIRO/2020