SENTIDO DA VIDA
Nasce do ventre rubro encolhido,
Molhado, sufocado e não percebido,
Suga todo líquido repugnante.
Tesouras cortam teu vínculo materno
Resfriada sala de continuo inverno
Avermelhado perdura teu semblante.
Importuno, inesperado tapa és dado
Amargurado o teu silêncio vomitado,
Rejeita o mundo, vagaroso entendimento.
Sangrento cordão desnutrido se cala,
Sentido odor tua presença exala,
Encarnada dormência desse momento.
A boca lactente ao esvaído brado
Fatigada hora, desejado cuidado,
Embrulhado a manta na cama aquecida.
Outrora se torna plácido esquio infante,
Entoado expressa um sorriso meigo constante
Renovada fé à esforçada vida concebida.
Revigorada forma de tua chegada,
Ânsia estafando a fome sagrada
Exaurido cansaço, inclina-se ao materno seio.
Espreguiçado corpo antes escondido
Pousaste tua boca farto alimento consumido
Ditosa alma ingênua, dando ênfase a teu anseio.
Delicado gesto de amor em tocá-lo a face,
Siblimado mereceu que a vida o abrace
Intrépido descerra teu aprendizado.
Escolhido sim ou não segue tua razão,
Alevantado expressa palavras de opinião
O difícil entendimento sente-se enleado.
Teu definir torna-se a busca da resposta,
Sufocado, aguerrido a ousada proposta
Julga nas noites de cosntante insônia.
Entrelaçado a definição errônea,
Prega-se ao calvário do confudo medo
Estimula regras enterrando-se em segredo.
Apartas teu acalentado ciclo familiar,
Tua língua ríspida dona de tua doutrina
Perdura a desconhecidas pessoas ao teu lar.
Destoado princípio embalde a louca rotina
Caindo em si a forte angústia sofrida,
Reacende a chama do pecado, refazendo a vida.
Embriaga-se de uma aura panteísta,
Ressoada emoção de um novo querer
Desiludida compaixão, rende-se a conquista.
Derramado sentimento se faz por acontecer
Votos a infinda esperança trocados,
Etérea divina verdade ao leito jurados.
Percorrestes assim tua conduta assistida,
Sonhos realizados à maturidade escolhida
Repetida prévia ciosa chegada do infante.
Amparado berço de formoso afeto,
Acalentada família saúda o choro inquieto
Retornastes ao seio materno teu mais novo amante.
Roda assim a vida em círculo constante,
Atenuante caminhada seguindo à diante
Não temos mais a leveza dos sonhos.
A dor, o cansaço nos reserva fardos medonhos,
Macerado da quimera o dever cumprido
Pondera teus feitos do obstinado destino acolhido.
Quebranta o temor de toda vivência,
Reaprender que não será notada ausência
Diante de fortunas e desejos tenha alcançado.
Por maior que seja teu túmulo, nada será levado
Independente da maldade ou bondade causada,
Ficará apenas de ti saudades, e atitudes lembradas.