CORRENTINA
Por Gecílio Souza
Princesinha do Oeste
Carícia aqui da campina
Na idade é uma anciã
No aspecto é uma menina
Encanta toda a Bahia
Esta rara jóia fina
Se veste do verde campo
Parece dama divina
Sentada à beira do rio
Ela é uma polis no cio
E se chama Correntina
A montanha até se inclina
Lhe faz genuflexão
A dama tem o sangue quente
Em toda e qualquer estação
O rio é a artéria fria
Que regula a pulsação
Arquipélago em sete réplicas
Bela configuração
No seio da princesinha
Uma ilha crescidinha
Ostentando um ranchão
A sua geo posição
Seu currículo, sua história
É vizinha do Goiás
Rosário é a sua divisória
Nasceu como Vila Rica
Referência provisória
Dista cinquenta quilômetros
De Santa Maria da Vitória
Fixou sua própria bandeira
E tem como padroeira
A célebre Senhora da Glória
Ela é museu e memória
Com suas múltiplas trincheiras
Seus dotes estão expostos
Nos mercados e nas feiras
Esta dama exibe charme
Nas planícies e nas ladeiras
Se tornou expressão baiana
Graças às suas fiandeiras
Ela desafia os termômetros
Dista 160 quilômetros
Da cidade de Barreiras
As famosas rezadeiras
Rezam à princesa baiana
Compõem o cenário místico
Fé sagrada e fé profana
O som do carro de boi
E do engenho de cana
O comércio é atuante
Nos seis dias da semana
Há reisado em janeiro
Eventos o ano inteiro
Nesta terra interiorana
O cemitério da cigana
E um outro mais antigo
Nas ruínas de um terceiro
Ainda resta algum jazigo
E para acolher os idosos
Alguém enfermo ou mendigo
Existe o lar dos velhinhos
Conhecido como abrigo
Recebe sem restrições
Aos que faltam condições
Em situação de perigo
O amparo humano e amigo
Para quem mais necessita
Torna a princesa modesta
Muito mais nobre e bonita
Ela tem as suas agruras
Que às vezes a deixam aflita
A seca e o calor elevado
Época em que ela se agita
O rio é sua artéria fria
Que amortece e alivia
A temperatura esquisita
Nada disto interdita
Os sonhos e os ideais
Correntina inspira arte
E produções culturais
Mas o seu coração sangra
Com problemas sociais
Deu à luz dois sindicatos
Duas forças fundamentais
Um representa os docentes
O outro é dos persistentes
Trabalhadores rurais
As graves mazelas locais
Desgostam a princesinha
Gestões ineficientes
Obstruem a cidadezinha
Graças à sua resistência
A dama não se definha
Quem dirige os seus destinos
Contra ela própria caminha
Sua beleza deformada
Meio esquecida e sulcada
Tem defeitos que não tinha
O mormaço que cozinha
Com frequência se repete
Há sempre quem aprecia
O calor que até derrete
Calorias e alguns excessos
Pois assim é o Nordeste
A dama é bastante ativa
Trabalha e também se diverte
As pré disposições místicas
São algumas características
Da princesa do Oeste
Ela já ganhou manchete
Superou o anonimato
E também arca com o ônus
Da invasão do asfalto
Mas a princesa é tinhosa
Se comunica bem alto
No ritmo do seu estilo
Produz seu próprio relato
Na área da comunicação
Há um sistema de difusão
Rádios Carícia e Planalto
O carnaval é um fato
Expressiva festividade
Multidão de visitantes
Não perde a oportunidade
De cairem na folia
E outros por curiosidade
Princesinha acolhe a todos
Com prazer e boa vontade
Vale lembrar aos turistas
Que as mulheres mais bonitas
Residem nesta cidade
O resumo da identidade
A própria dama patrocina
Princesinha do Oeste
Com o cerrado se combina
Sob os seus pés há minérios
Onde não se determina
Embaixo há rocha e ouro
Em cima água cristalina
Ressalvados os suspenses
Aplausos aos correntinenses
E à princesa Correntina!