MEU CORDEL I

Aqueles que agora me ouvem

Saibam qu'eu sou mal poeta

Faço meus versos de quebra

Canto como me convém

Mesmo assim aqui estou

Nada devo pra ninguém

Nas letras não sou doutor

O que vem na cuca eu traço

Traço rimas por amor

Sou boa em queda-de-braço.

Sou forte, sou sertaneja

Rebento d'um trovador

Também não era doutor

Mas cantava com destreza

Seu versar tinha a pureza

Da flor de mandacaru

Hoje no céu com certeza

Louv'a santíssima Trindade

Com ele foi que aprendi

Versar com simplicidade.

Eu gosto de um repente

Daqueles improvisado

Mas não tenho o tal gingado

De versar repentemente

Não puxei ao velho pai

Repentista de respeito

Que disputava mourão

Sem usar nenhum trejeito

Teço versos com cuidado

Pra ninguém botar defeito

Venham ouvir com carinho

Essa minha simples prosa

Que não tem cheiro de rosa

Mas também não tem espinho

Eu canto sob o sol quente

Canto também na garoa

Me aplaudam numa boa

Que vou até o sol poente

Na formosa João Pessoa

Cantando pra minha gente

Vá pros quintos e às favas

Quem não gosta de cordel

Sou um simples menestrel

Repenteio em meio as praças

E perpasso as noites quentes

Arriscando meus repentes

Só pra ver quando tu passas

Não sou de fazer escarcéu

É nas minhas simples prosas

Que ofereço-te meu céu

* Viva ZÉ LIMEIRA, o poeta do

absurdo.

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BELA INTERAÇÃO DO NOBRE POETA ZÉ ROBERTO.

Zé Limeira é meu cumpadi

Mais Zé Limeira eu vivi

Com Zé Limeira cantei

De Zé Limeira corri

Pra Zé Limeira hoje eu corro

Zé Limeira é meu socorro

Em Zé Limeira eu nasci!

Erivaslucena
Enviado por Erivaslucena em 07/01/2020
Reeditado em 19/06/2022
Código do texto: T6836354
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