ABANDONADO
Acalenta a fome que te abala
Que gera conflito, imenso atrito
Causado ao que não consome.
Coitado desse homem que ruge
Como leão faminto, cioso por extinto
Em busca da caça, arregaça a carne
Como navalha.
Sereno em tua mortalha,
Aconchega-se pelos cantos no relento
Aos prantos derramandos em teu soluçar.
Embora a bravura de não se entregar
Ao tormento, arfando se escora entre
Fraguedos frios, espantado por medos
Sombrios, encolhido a forma fetal.
Comportamento animal, por ter caído
No esquecimento do convívio social.
Esse agora é teu mundo!
Chega ao fundo do poço,
Esse que um dia foi moço e hoje indigente
Sem nome, sem memória a tua mente.
Tremulo em tuas fraquezas sentidas,
Adormece em tuas lágrimas contidas de dor.
Inerte a alucinações severas de pavor,
Desfalece, emudece arquejando e desejando
A morte chegar. Sem ter ninguém para ajudar!
Ali repousa teu corpo em paz a relva fria
Do sereno molhado.
Um corpo esquecido, escondido que por
Ironia da vida, jamais será lembrado.