Amor de Mãe
Todos os dias penso na senhora
A sua fala mansa, o seu tempero
Seu olhar, seu toque e seu cheiro
Não esqueço o dia que foi embora
Sua falta está num filho que chora
Como eu queria só mais um abraço
Pois a saudade chega e aperta o laço
De quem sofre e também se sente só
Um laço de amor que no peito vira nó
Que faz doer, até um coração de aço.
É uma carência que te deixa mufino
Com o tempo essa falta se aprimora
E lá no peito, o desgosto vem e mora
Se tornando um indesejado inquilino
E fica lá, mesmo sendo clandestino
Te persegue quase como maldição
E te maltrata em qualquer situação
Te fazendo desligar a humanidade
E viver já não é mais necessidade
E a vida deixou de ser uma opção.
Ela agora se tornou um fardo pesado
Que carrego e me deixa amargurado
Vou partir a caminho da eternidade
Um pássaro, que deseja a liberdade
E sai voando a um plano eternizado
No viver da vida, ajo e me desfaço
Num vazio que ocupa muito espaço
Viver é morrer e causa tanto medo
É o ganhar ou perder esse é o enredo
E duelar na eterna “quebra de braço”.
Se eu não te amasse tanto assim
Haveria flores em todo meu jardim
O sofrer é uma extensão do viver
E a vida sempre te faz padecer
Já que todo mundo tem um fim
A sua falta vem e me cutuca
E no peito a dor passa a latejar
Sem remédio que consiga curar
Só resta a saudade que machuca
Só o amor é o sentir que educa.
O rumo que tomou minha vida
Recai com uma lágrima sentida
Trazendo a dor que me entristece
É como se a gente não soubesse
Para qual lado foi nossa vida
Obrigado minha mãe, por ser lida
Por ser suor e também ser repartida
Por ser tantas numa só e ser inteira
Não teve vida fácil a minha guerreira
Me deu todo amor e à luz da vida.