PAQUERANDO UMA COCOTA
As línguas são organismo
Em constante mutação
Palavras novas são criadas
Enquanto as velhas vão
Muitas até mesmo mudam
A sua significação.
Neste pequeno cordel
Certas gírias esquecidas
Serão aqui relembradas
Algumas serão aprendidas
De forma muito simples
E talvez até divertida.
Estou flertando uma gata
Uma bonita cocota.
Que inclusive já foi
A rainha da patota.
Se não der pé, fico grilado
Ouvindo muitas lorotas.
O flerte é um barato
Que estou curtindo à beça.
Balanço na corda bamba
Pois sou liso e sem caleça
Se surge rico, boa pinta
Talvez ela me despeça.
Não vai ser muito bacana
E acabo ficando biruta.
Por que não sei como
Vou enfrentar essa luta.
Por isso com ela tenho
Que ser legal, bem batuta.
Vou comprar beca bonita,
Não ser chato de galocha.
A gata é espilicute
Pra não ser chamado brocha
Vou fundo, mas com cuidado
Pra não comer a cabrocha.
Virgem, menor de idade
Não pode ser deflorada.
Se isso acontecer
Depois de descabaçada
Dá casamento na Polícia
Cabra entra em enrascada
Se o bode não vier
É sinal de gravidez
Se o sujeito não casar
Vai direto pro xadrez.
Aí é que tudo piora
E se lasca duma vez.
Vai ficar borocoxó
Por causa da traquinagem.
Que às vezes pode dar
Chamada de reportagem
E aguentar da patota
Tudo que é sacanagem.
Para sair da cadeia
Se não houver casamento
Muito tutu vai gastar
Pra deixar de ser jumento,
E como rabo de burro
Vão chama-lo mau elemento
Pode aparecer um rábula,
Ou outro qualquer garapeiro,
Com um bonito carango
Pra soltar o prisioneiro.
Mas é preciso cuidado
Pois há muitos marreteiros.
O caldo ficou mais grosso
Porque nasceu um bruguelo.
Aí do rabo de burro
Aumentou mais seu flagelo.
E ele se lascou mais ainda
Todo de verde amarelo.
Para sair da cadeia
Um chofer foi contratado
Para empreender uma fuga
Mas cara era amarrado,
Motorista marruá,
E deixou o carro atolado.
Ambos foram agarrados
Levados pro xilindró
Lá vão passar muito tempo
Tirar tutu do mocó
Gastar pra sair da cadeia
E não queimar o fiofó.
Henrique César Pinheiro
Fortaleza, dezembro/2019