JOVENS DESENCANTADOS
Só se sabe como surgem
Mas não se sabe ainda como deter
A fúria dessas criaturas
Que só vendo para crer
Vivem em um mar de desventuras
É rebeldia pra valer.
Jovens não têm cabresto
Agem como bons jumentos
Mas no momento de bravura
Deixam correr os sentimentos
E pra isso não tem cura
Só depois é ouvido o lamento.
E o choro de um jovem
Dói na alma, dói no ouvido
Aqueles que desafiam a coragem
Também sofrem divididos
Entre ser criança e adulto
Entre ser sozinho e ombro amigo.
Não se prevê o futuro da espécie
Mas se sabe que vão lutar
Do seu jeito desengonçado
Ver o que a vida pode ofertar
No seu peito calado
Crer até vencer e pontuar.
Não vivem sem pormenores
São fortes e parecem imbatíveis
Mas na primeira chuva fora de hora
Fazem coisas até previsíveis
Pois o espírito infantil adorna
A alma de descobertas incríveis.
São como o sol da manhãzinha
Não se vê um tico de perigo
Mas na primeira oportunidade
Vão sozinhos buscar o castigo
Esse é o desejo da idade
É o destino do jovem não polido.