O INTOLERANTE
Por Gecílio Souza
O perfil do intolerante
É fácil de definir
Ele é débil e arrogante
Se pauta por agredir
Ensimesmado e pedante
Agride para se exibir
Não vê um palmo adiante
Míope mas quer se insurgir
Intelectualmente fraco
Ele próprio cava o buraco
Onde irá se sucumbir
Pulga metida a gigante
Saltando para ingerir
Sangue alheio vacilante
Que o seu som não ouvir
Ela é um inseto chupante
Incapaz de admitir
Sua gênese insignificante
Cuja função é ferir
Furta o sangue dos animais
E os chama de marginais
Se algum lhe reagir
Este inseto horripilante
Hábil em se reproduzir
Pode ter bico e rompante
Mas não sabe construir
Esqueleto de farsante
Na iminência de cair
É estupidez ambulante
Nem sabe por onde ir
Parece cachorro que late
Mas na hora do combate
É o primeiro a fugir
Criminoso recalcitrante
Sente prazer em punir
O adversário desafiante
Que em seu caminho surgir
Aos outros quer alvejante
Mas não quer se redimir
Se julga bom e o restante
Não merece existir
Se diz verdadeiro cristão
É contra a corrupção
Corrompe e adora mentir
Do ódio é um despachante
Já se pode presumir
Sua linguagem exuberante
Com o propósito de atingir
O saber mais elegante
Pois não sabe divergir
Vocabulário insultante
Usado para destruir
Ofende a sabedoria
Para que a tirania
Possa então sobremergir
De conduta irritante
Em tudo quer interferir
Contesta mas é militante
Nas práticas de delinquir
Agride o seu semelhante
Tenta lhe diminuir
Não agrega um instante
Pois só sabe dividir
Essa gente perigosa
Cuja essência é maldosa
Novas víboras vai parir
Ao poder do diamante
Não consegue resistir
É um fanático meliante
Especialista em extorquir
Com vozeirão de berrante
O dízimo vive a exigir
Um canalha hesitante
Hesita para confundir
Faz da religião um meio
De confiscar o bem alheio
E com ele se divertir
Manipulador operante
Que mente até ao dormir
Ilusionista constante
Mas costuma reagir
A qualquer interpelante
Que lhe ousar repelir
Possui um cérebro vacante
Não consegue abstrair
O conhecimento profundo
É enfermidade no mundo
Difícil de se abolir
Sem tino e sem desplante
Para atrasar ou impedir
O êxito do viandante
Cujo sonho é conseguir
O bem estar desejante
A felicidade, o devir
Mas o pior assaltante
Age sem a vítima sentir
Ostenta boa aparência
E esconde a incompetência
Duvida, vá conferir
Insiste em levar avante
A sua ânsia de poluir
Qualquer selva verdejante
Não vacila em reprimir
Com arrogância rasante
O que vê quer invadir
Contraditório e redundante
Insulta até ao sorrir
Ele próprio é uma farsa
Sempre encontra um comparsa
Disposto a lhe aplaudir
Mero verme petulante
A ponto de se explodir
Pobre narcisista farsante
Buscando se refletir
Em algum espelho possante
Com o qual se interagir
Humano insignificante
O espelho vai lhe medir
Pois lhe serve de medida
A imagem refletida
Que só falta lhe cuspir
Expele ódio e quebrante
Que o próprio irá engolir
Tem olhar deselegante
Nota-se até no vestir
Personalidade variante
Todos podem concluir
Seu caráter é oscilante
Algo a se reconstruir
Tragédia de ser humano
Se esconde dentro do pano
De pano a se entupir
Seu juízo é preocupante
Com a razão a se colidir
Não é um ser confiante
O seu padrão é trair
Parece chão derrapante
Há de se saber dirigir
Abusa da debutante
Com o fito de persuadir
Aquelas de boa fé
Não suspeitam que ele é
Impossível de digerir
Quem sabe o desinfetante
Possa lhe dissuadir
Sua presença é estafante
Faz qualquer um desistir
Figura desimportante
Com pretensão de subir
Sem conteúdo e falante
Com todos quer discutir
Mas não passa de pau oco
Que desaba com um soco
Todos vão repercutir
G. S.