A História da Alegria
Um dia a Alegria sentiu-se só,
Não ficou triste porque não entristece,
Mas sentiu na garganta um nó,
Queria falar com alguém se houvesse,
Desejava brincar, se um amigo tivesse,
Mas estava tão sozinha que dava dó.
A alegria então viu brilhar uma luz,
Decidiu que sairia pelo universo afora,
Vestiu um casaco e colocou um capuz,
Não queria se resfriar, mas iria embora,
Nem derrubou lágrimas, pois ela não chora,
Botou pé no caminho fazendo o sinal da cruz.
Pegou o primeiro tufão de vento
E lá se foi a alegria dando gargalhada,
Em sua mente apenas um pensamento,
Feliz da vida pela decisão tomada,
Seguiu ela saltitante pela estrada,
Certa que teria sucesso em seu intento.
Logo avistou um planetinha azul,
Gostou do que viu e mirou seu destino,
Ajustou seu curso, seguindo ao sul,
Então aterrissou no planeta pequenino,
Deparou com uma mulher e um menino,
Não sabia seu idioma, por isso gritou “Uhu”.
Mãe e filho estavam tristes demais,
Não deram atenção à essa saudação,
Alegria insistiu, como ela sempre faz,
Sorriu tão alto que fez vibrar o chão,
Mas eles tinham fechado o coração,
À alegria não deram nenhum cartaz.
Mas a alegria riu ainda mais forte
E o menino não conteve a cara feia,
Naquele momento esqueceu sua sorte
E soltou seu riso. Verdade! Creia!
Estava fechada, mas ali abriu a torneira,
Sua mãe se assustou, pensou ser a morte.
Nunca vira alguém rir na desgraça,
Ralhou: “Para com isso, moleque,
Não estou achando nenhuma graça,
Nesse barulho queira por um breque,
Prefiro que chore do que ria e peque,
Prenda a respiração que isso passa”.
Porém o menino estava alucinado,
Nunca tinha rido antes com verdade,
A alegria real havia lhe encantado,
Da tristeza não sentia saudade,
Em seu sorrir não existia maldade,
Pois por um bom sentir fora tomado.
Em dois minutos sua mãe se contagiou,
Do nada começou a rir também,
Esquecera os problemas que enfrentou
E as angustias das quais estava refém,
Naquele instante se sentira muito bem
E as chateações ela as afugentou.
A família não podia ver a Alegria,
Mas sentia sua vibrante presença
Como uma força que se irradia
Ou um valor que a ninguém pertença,
Uma dádiva dada por recompensa
Ou simplesmente uma boa energia.
E assim seguiram cantando,
Mãe, filho e a Alegria por companhia,
Cada um a mão do outro segurando
Em uma amizade que só cresceria,
Alimentada pelas risadas que se espalharia
Por tantos lugares onde fossem passando.
A Alegria nunca mais voltou pra casa,
Continuou neste mundo em missão,
Batendo bem forte suas asas
Pra todos dar satisfatória atenção,
Seja lá qual for dela a religião,
Tirando da tristeza onde se encontrava.
Portanto se você ouvir um som
Pode ser o “uhu” da Alegria Eterna
Ou apenas um sentimento bom
Como uma gostosa carícia interna
Feita por mãos suaves e maternas,
Não despreze esse maravilhoso dom.
Aberio Christe